Pouco ou nada se deu à possibilidade concreta da senadora Kátia Abreu (PP/TO) ocupar uma vaga de Ministra do Tribunal de Contas da União, decidida na noite de ontem em favor do senador Antônio Anastasia (PSD/MG).

A não ser pela suposição de que a parlamentar buscasse alojar-se no TCU em lugar de disputar novo mandato, a movimentação no Estado nos últimos meses em torno da probabilidade de escolha da senadora optou por inverter as razões que davam à disposição de Kátia Abreu, a partir de sua trajetória política, maior ativo ao Tribunal do que dele pudesse retirar.

A parlamentar, posto isto, deduz-se, teve que enfrentar resistências e mesquinharias regionais, o fator-mulher, oriunda de um Estado pobre com apenas 0,6% do eleitorado do país e 0,7% da população, disputando com outros dois senadores de Estados mais tradicionais tanto na história, economia quanto no coronelismo enraizado.

A sociedade política local, tão rápida quanto rasa em defender o “novo Estado e sua cultura”, preferiu, com pouca margem de dúvida, tratar a questão como interesse particular da parlamentar, embrulhando a resistência nas divergências partidárias e até pessoais no que terminavam explicitando motivações e razões para fazê-lo, aplicando na parlamentar, de forma invertida, os princípios com que justificaram suas presuntivas posições refratárias.
Obviamente que, com isto, negariam subliminarmente que a Senadora pelos cargos que já ocupou e a conhecida dedicação aos estudos dos problemas nacionais de que é portadora, se estava concorrendo a ministra do Tribunal de Contas, o fazia, tudo indica, mais em função de interesse público do que por um salário de R$ 37 mil que pouco ou em quase nada alteraria suas posses.

Kátia que já liderou 30% do PIB nacional na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, foi Ministra da Agricultura do governo dito socialista, presidente da Bancada Ruralista no Congresso e comandou a aprovação daquela considerada melhor legislação florestal do planeta  (Código Florestal) - apesar de ter sido adjetivada como rainha da moto-serra pelos sem-terra (com o beneplácito do PT) – e enterrou a CPMF, terminou sendo prejudicada pelo petista que alojou como suplente, dada a inequívoca oposição entre Jair Bolsonaro (que criou a vaga no TCU) e Lula. 

Perdeu a vaga para um parlamentar, Antônio Anastasia, do mesmo partido do filho também senador, enrolado nos processos que ainda responde com o ex-senador Aécio Neves (seu mentor) e que certamente terá mais problemas no TCU do que enfrentaria Kátia Abreu, cotejadas as duas folhas corridas, posto não ter a senadora do Tocantins os mesmos problemas judiciais do adversário da disputa da qual saiu-se vencida e o mineiro vencedor.

Com todo este contexto e pretexto, os políticos do Estado optaram pela campanha política rasteira contra a intenção da Senadora do PP. Um erro estratégico porque Kátia Abreu no TCU significaria, por lógico, a disposição de uma massa eleitoral capaz, se não de eleger, mas de fazer diferença considerável nos projetos de muitos que disputarão mandatos no próximo ano. E que agora permanecerão com a parlamentar do PP.