É notório que o sistema político brasileiro se encontra, completamente, apodrecido. Para isso basta observar a quantidade já se encontrou encarcerada: presidente da Câmara dos Deputados, ministro da Fazenda, governador, deputados federais, enfim: gente que sempre exerceu íntima influência nos poderes da República. 

Por isso, creio ser oportuno voltarmos há mais de um século no túnel do tempo da política brasileira, especificamente, aos tempos em que a atividade política projetou inúmeras figuras públicas tão decisivas para o futuro da nação.  

Nos tempos em que se discutiam causas expressivas como a questão do império e a abolição da escravidão, lá estavam grandes personalidades como Rui Barbosa, o Barão do Rio Branco, Dom Pedro II e o personagem do qual transcrevo, a seguir, alguns trechos do seu brilhante livro de memórias. 

Primeira grande causa: a escravidão 

“Desde muito moço havia uma preocupação em meu espírito que ao mesmo tempo me atraía para a política e em certo sentido era uma espécie de amuleto contra ela: a escravidão.” 

Segunda grande causa: a Monarquia 

“Enquanto a espécie humana tiver muito coração e pouca razão, a realeza será um governo forte, porque se harmoniza com os sentimentos espalhados por toda parte, e a República, um governo fraco, porque se dirige à razão.” 

Terceira grande causa: os ares do mundo 

“Pretendo ter tido em Londres a sensação: de vida suprema que se tem em Paris, de encantamento que se tem em Roma ou Florença, de morte que se tem em Veneza, de opulência, mocidade e beleza humana que se tem em Washington diante do capitólio.” 

Quarta grande causa: o poder intelectual 

“Eu tinha lido muito e de tudo na época em que me sentia mais política do que homem de letras. Em filosofia tinha assimilado um pouco de Spinoza, Plotino, Kant e Hegel.” 

Isso posto, voltemos ao personagem. Defensor de grandes causas públicas, o pernambucano Joaquim Nabuco enxergava a atividade partidária como algo menor. Era, antes de tudo, um profeta referenciado não só no Brasil como no exterior. A atividade política do Brasil, do início do século vinte , foi um celeiro de grandes homens como Nabuco, nada parecido com os Paloccis, Eduardos Cunhas, Aécios Neves... personalidades nada edificantes de um sistema político, há muito, apodrecido.