O governo do Estado aproxima-se do final do ano cheio da bufunfa, Ou melhor: gastando grana. Em uma semana despachou para servidores e prefeitos algo próximo de R$ 600 milhões e, tudo indica, não vai parar por aí.

O problema é a forma como gasta que aparenta não ter qualquer planejamento. Mas tão somente atendimento de vontades políticas circunstanciais que nem sempre se constituem no melhor parâmetro para aplicação dos recursos públicos.

A exposição inequívoca da decisão de governo de quitar passivos com o funcionalismo, ainda que uma ação relevante, é carecedora de estudos sobre o impacto que isto provocará nas finanças estaduais que começavam a dar indício de recuperação.

Há a nítida impressão de que a administração estaria fazendo uso do dinheiro em caixa como se os recursos não já fossem comprometidos com o déficit social de anos e que isto imporia estudos detalhados de como seria combatido.

Não é, afinal, porque a máquina arrecadadora conseguiu dobrar a previsão de recebimento de impostos no ano e as transferências constitucionais ocorram dentro do esperado que se teria recurso sobrando, evidentemente.

A decisão de terceirização aos municípios dos recursos estaduais é uma faca de dois gumes: o governo não tem controle de sua aplicação e, ao mesmo tempo, descumpre o Plano Plurianual que elaborou em todo o Estado. 
Isto sem deixar de lado que o esvaziamento dos cofres exigirá que o governo aumente a dívida pública com mais financiamentos, dado o deságue da poupança interna. Somando a problemas adicionais como a elevação dos gastos com servidores, já notada na execução orçamentária, o Estado estaria dando passos largos para o retorno da sangria fiscal e do descontrole administrativo registrado nos últimos dez anos.

O fato é que, se os gastos são legítimos com as demandas e o governo tem legitimidade e competência para fazê-los, outra ordem administrativa e financeira o impediria de executá-los de forma açodada como dão a entender as liberações de pagamentos dos últimos dias. A riqueza está na verdade é no controle de gastos e não na liberação de recursos.

O governo, tudo indica, demonstra maior comprometimento com a qualidade dos gastos, direcionados mais às comunidades que a grandes empresas. Mas pode sair fragilizado com prioridades elencadas que demonstram querer comprometer as finanças que tem em caixa e aquelas que ainda não entraram como é muito explícito no aumento das isenções fiscais a grandes frigoríficos que podem fechar o ano com um faturamento na casa dos R$ 2 bilhões só nas exportações de carne.

Mas o governo interino só tem dois meses e meio. É muito cedo ainda para se traçar sua diretriz que certamente terá influência do ano eleitoral que se aproxima.