Luiz Armando Costa
 
O Estado se aproxima impiedosamente dos mil e quinhentos  mortos pela Covid-19. O equivalente a um por cento da população foi tragado pelo vírus. A poucos dias do final do ano, não se nota, entretanto, movimentos do poder público para a aquisição de vacinas. 
 
Fia-se, deduz-se,  no destrambelhado plano nacional do Ministério da Saúde. Um projeto de vacinação que, até agora, não tem vacinas. Consequência inevitável da incapacidade de planejamento do governo federal misturada à obscurantista negação da ciência com elevado grau de irresponsabilidade.
 
Desta forma, a inércia conspiraria para que os tocantinenses tivessem que esperar por meses pela vontade política da União em liberar as vacinas quando o próprio 
 
Supremo Tribunal Federal já sinalizou as competências dos Estados para adquiri-las e aplicá-las em seus territórios.
 
Economia com vacinas não seria, certamente, atitude mais acertada do poder público. Até porque o valor estimado de uma campanha estadual com a vacina Coronavac/Butantã (custo estimado de dez dólares a unidade) sairia, por exemplo, por volta de R$ 80 milhões numa primeira etapa de imunização dos 1,5 milhão de moradores no Tocantins.
 
O montante representa algo em torno de 10% dos recursos transferidos pelo governo federal ao Estado como auxilio financeiro e transferências das emendas constitucionais (PFEC I e II)  de abril a dezembro. A imunização, além disso, reduziria o custo das despesas com a Covid no Estado, como do hospital de campanha, cujo contrato prevê R$ 20 milhões a cada seis meses.
 
Seria, portanto, mais racional e humanitário que o governo seguisse os demais Estados que anteciparam pedidos de vacinas nos laboratórios a deitar-se inerte nas festas de final de ano como se a pandemia tirasse férias. Uma decisão que depende menos de dinheiro que vontade política, considerada a recuperação das receitas estaduais que deve fechar o ano com superávit orçamentário. 
 
Da forma como está, se o governo federal empinar a carroça ou estimular a burocracia federal a retardar processos, o Estado (como os demais na mesma situação) corre o risco de continuar contabilizando mortos diante da imunização promovida por outros governadores com a provisão de vacinas a partir de suas próprias previsões.
 
O governo pode até ter um plano B. Deveria, com efeito, demonstrá-lo à população que hoje, com fundadas razões, se preocupa em ter o vírus como destino, com frágeis esperanças de que pudesse ver-se livre da Covid-19 em 2021.