Gylwander Peres

especialista em Instituições e Processos Políticos do Legislativo, em Administração Pública e Pesquisador do Centro de Formação da Câmara dos Deputados (CEFOR).

A BR-235 é uma rodovia que sai de Aracaju, no Oceano Atlântico, e vai em direção Oeste cortando Sergipe, Bahia, Pernambuco, Piauí, Maranhão e Tocantins, até chegar no interior do Pará.

Estamos falando de quase dois mil quilômetros de estrada, em meio à região mais promissora para o agronegócio brasileiro: o Matopiba, palavra criada com as primeiras sílabas dos Estados Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Nessa região onde esses estados se encontram fica um cerrado que atualmente é a maior fronteira agrícola do País. Além disso, o Matopiba está entre as riquezas minerais da Região Amazônica, como a serra de Carajás, e os portos do Atlântico.  Trata-se, portanto, de uma rodovia fundamental para o desenvolvimento da economia brasileira, especialmente se pensarmos que a tendência, nas próximas décadas, é termos cada vez mais contato com a Ásia, por meio de ferrovias, rodovias e hidrovias que nos liguem com o Oceano Pacífico.

Todas essas razões estratégicas fizeram com que vários cidadãos passassem, como eu, a apoiar integralmente o Movimento Pró-BR-235. Nós trabalhamos para sensibilizar a Opinião Pública sobre a importância da conclusão dos trechos que ainda faltam ser pavimentados. 

Lideranças políticas, empresários, produtores rurais e a comunidade em geral estão unidos com vistas à consolidação desse grande projeto. 
Hoje, ainda não há asfalto na maior parte da rodovia, e vários trechos só existem no papel. A BR 235 só está integralmente asfaltada em Sergipe, e em quase toda a Bahia. No resto do trajeto, várias pontes ainda estão sendo construídas, e há desvios, buracos a serem tapados e melhorias a serem feitas.  Apesar disso, mesmo da forma precária em que existe hoje, a BR 235 já gera emprego para milhares de famílias, escoando a produção de centenas de milhares de hectares. 

Quando pronta, a rodovia integrará o litoral nordestino com regiões densamente povoadas dos sertões das regiões Nordeste e Norte, como o polo fruticultor de Juazeiro-Petrolina, a 422 km da capital sergipana. Além disso, será integrada a essa malha viária o mais importante patrimônio pré-histórico brasileiro, o Parque Nacional Serra da Capivara; e as regiões de Carajás, Tapajós, no Pará, os campos de soja de Balsas, no Maranhão, a Pedro Afonso e Palmas, no Tocantins. Serão estimulados não apenas grandes negócios, como a mineração e a soja, mas também a produção familiar de mel e caju na caatinga. O ecoturismo, o comércio e diversos serviços surgirão no curto prazo. No médio prazo, toda essa região será consolidada como o braço atlântico de um corredor que nos ligará ao oceano Pacífico e aos mercados daquele imenso mar: não apenas Chile e Peru, mas também a Ásia. 

Os estágios iniciais dessa globalização já se fazem notar em torno da rodovia, trazendo mudanças econômicas e demográficas que já beneficiam a América do Sul como um todo. Essa transformação poderá ser vista numa escala ainda maior, num futuro próximo. Por isso, precisamos apoiar a consolidação da BR 235, em nome de todos os benefícios que ela trará, em curto e médio prazo, para a população tocantinense, brasileira, e para o continente sul-americano.