São milhares de cadernos de exercícios de alunos da rede estadual e das redes municipal que os pais não buscaram ou que devolvem sem o preenchimento completo. Bem, alguém espantou com isso? Será eu pais são irresponsáveis? O que você diz? 
 
Bem, eu digo que os pais estão certos. Não entendo porque que alguns foram buscar. Mas vamos devagar, vamos entender isso. 
 
Nosso modelo de educação tradicionalmente coloca todas as responsabilidades na gestão do ensino. Os professores indicam cada passo que o aluno deve fazer. Desde a forma de se organizarem em sala, que atividade realizar, as estratégias para de realização, os prazos e até a forma de apresentar os resultados. Os alunos que seguem cada passo são considerados mais dedicados e competentes. Alunos mais críticos ou, mais criativos que querem estabelecer uma dinâmica própria no processo de aprendizagem, ou ainda que não aguenta ficar horas sentados em silêncio em uma situação mais próxima de uma detenção que de uma situação de aprendizagem, esses são os candidatos a se darem mal. Em outras palavras, nosso modelo de ensino é do tipo que esperava a um século atrás. 
 
Se nosso modelo de ensino privilegia os alunos que não tem inciativa, premia os que não são proativos, como esperar proatividade nesse momento? De certa maneira, as instituições que conseguem ler o momento estão tendo boas lições. A começar pela reação dos alunos e dos pais, vejamos: que tal mudar o centro do processo para a gestão da aprendizagem. Nossos estudantes precisam de menos aulas para distribuir informação e mais trabalho de pesquisa. O tempo na escola não precisa aumentar, precisa de outras metodologias que em vez de ensinar a fazer bolo de massa pronta ajude-os a aprender a escolher os ingredientes e a fazer as misturas. A chance de dar errado é maior, mas a aprendizagem também. Assim os aprendentes serão capazes de se virar com as informações que tiverem, enquanto os alunos dependentes dos professores nem lembraram do que estudaram no dia anterior.
 
Outra lição a ser aprendida é que os professores e os pais precisam estar em sintonia quando o assunto é a aprendizagem. Tem um lema antigo que fora esquecido nos últimos tempos: Escola dos filhos escola do pais. Pelo menos deveria ser assim. Não quer dizer que os pais devam dizer como os professores devem fazer o seu trabalho, a escola precisa saber muito bem o que faz para mostrar para os pais a qualidade do seu trabalho. As críticas são bem-vindas, mas os professores devem ser os especialistas. Se algum pai ou alguma mãe não gosta das estratégias da escola, mas a gestão da escola tem segurança do trabalho que desenvolve, não há porque mudar.  
 
Nosso modelo de gestão das escolas e dos sistemas fecharam as escolas para a comunidade. Espera-se elogio enquanto não consegue se quer convencer os alunos a ficarem sentados por 4 horas em sala de aula. Ainda bem que não conseguem! 
 
Os professores se viram com o que têm, se as diretrizes são essas e os professores fazem o que está no script. Afinal, em última análise a responsabilidade pela aprendizagem NÃO  é de cada professor, mas dá instituição. Cada professor responde a escola e a escola responde a cada um dos pais e mães.  Por mais que os discursos seja o dá qualidade, da gestão democrática, da criticidade a pratica escolar qualifica como qualidade um aluno modelado para o século passado, um professor durão que consegue falar 50 minutos sem que ninguém dê um pio. Isso já foi qualidade, hoje é falta de qualidade.
 
Precisamos de escolas comprometidas com a aprendizagem, se os alunos não aguentam as aulas é porque elas não atendem as necessidades deles. Se esses estudantes fosse autores no processo de construção da aprendizagem, eles seriam mais comprometidos e os pais teriam prazer em buscar os materiais de estudos.