A vida nos coloca diante de inúmeras situações em que necessitamos ter o bom senso para poder distinguir alhos de bugalhos.
 
Nesta época de eleições, onde está em jogo a disputa pelo poder, penso ser apropriada uma discussão que certamente servirá a quem for nos governar nos próximos quatro anos. Trata-se daquilo que diferencia o amigo do bajulador.
 
De início, não tenho dúvidas de que seja quem for o vencedor no pleito eleitoral, terá ele diante de si estes dois personagens.
 
Procurando entender as partes - amigo e bajulador - para se ter segurança sobre o contexto daquilo que diferencia um do outro, reproduzo neste espaço o pensamento de um grande filósofo grego, Plutarco. Este aponta as seguintes características que fazem a diferença entre o amigo e o bajulador.
 
Primeira: quanto aos tipos de bajuladores.
 
Plutarco afirma existir dois tipos de bajuladores: o bajulador declarado e o bajulador astuto. Diz ele em seus escritos que devemos realmente tomar cuidado com este último, pois "o primeiro, por ser bastante evidente, dispensa muitos cuidados. "Motivo: sua astúcia repousa no fato dele parecer amigo.
 
Segunda: como desmascarar o bajulador.
 
Plutarco define os bajuladores como "uma espécie de imitador barato. Alguém que não possui nenhuma opinião, mas que segue apenas as daquele de quem deseja obter benefício." Portanto, para se conhecer o bajulador é sempre prudente fazer o seguinte teste: mude de opinião que ele, na condição de mero bajulador, certamente mudará.
 
Desse modo, o bajulador não será franco com ninguém, exceto se não desagradar a quem deseja bajular.
 
Terceira: quanto ao verdadeiro amigo.
 
Ao verdadeiro amigo, Plutarco atribui as seguintes qualidades: não faz questão de ser percebido publicamente, enquanto o bajulador faz questão do cumprimento público; o verdadeiro amigo contenta-se com um simples olhar, enquanto o bajulador faz questão de aparecer; o amigo aprova apenas o bem de seu amigo poderoso e o alerta em particular quando este tende, ante a falta de referências que o poder sempre traz, a fazer o mal.
 
Dito isso, voltemos agora ao ponto em que iniciamos este artigo com uma última e sábia reflexão de Plutarco: o bajulador que os donos do poder devem verdadeiramente se proteger é aquele "que não aparenta sê-lo, que nunca surpreendemos rodeando as cozinhas ou calculando no relógio a hora do jantar, e que nunca se permite à mesa nenhum excesso, mas que é sóbrio e moderado, curioso para ver tudo e tudo ouvir, procura antes envolver-se nos nossos negócios, penetrar em nossos segredos mais íntimos; enfim, aquele que, longe de interpretar seu personagem bufas ou comediante, conserva na conduta ou caráter ser sério e honesto."
 
Encerro estas linhas desejando que nosso futuro governador - seja ele quem for - saiba discernir aqueles que serão amigos daqueles que só serão bajuladores, pois um governo rodeado de bajuladores eleva o ego de governantes, os impedindo de enxergar a realidade.
 
Com isso, correm o risco, ante o ego lá nas alturas, de cometerem erros que os levarão a pagar um preço que nenhum político deseja: o de ser esquecido pela história.