Quando recebi a notícia na semana passada de que o querido João Rocha estava internado em hospital em Goiânia em função de covid, jamais imaginei que o amigo não vencesse mais essa. Infelizmente não venceu. E nos deixou. Desolados, mas gratos por tudo que ele fez, que ele deixou. 

Em tempos de distâncias físicas, pude matar um pouco a saudade de João pela última vez frente a frente no dia 13 de março de 2019, quando o também amigo Jackson Abrão me levou ao seu apartamento em Goiânia, onde fomos recebidos com muito carinho e boa prosa.

Levei-lhe meus últimos livro e disco e foi incrível sua alegria pelo “meu sucesso”. João me ajudou muito quando lancei meu primeiro livro – “Janelas”. 

Ele se dizia admirador do meu trabalho, de mim. E sabia que a recíproca é verdadeira. Quem passou pelo hoje Grupo Jaime Câmara sabe do seu trabalho lá, experimentou sua mão amiga, seu incentivo e seu entusiasmo.

Quem vive a história do Tocantins sabe da importância do João no tão sonhado desfecho de 5 de outubro de 1988, quando “nasceu” o Estado, causa abraçada também pelo empresário e jornalista Jaime Câmara, que colocou a estrutura do seu grupo a serviço da luta emancipacionista. Orgulho-me de ter participado dessa história incrível.

E João Rocha (como meu saudoso pai Dionísio Gonçalves de Souza), o piauiense mais tocantinense que se tem notícia, mergulhou de corpo e alma em um sonho.  

Primeiro na ainda goiana Cristalândia. Depois em Goiânia, de onde mirava o binóculo da história para um Norte goiano com destino tocantino.

Ele juntou forças a gente como Fabrício César Freire, Ananias Pinto, Siqueira Campos, Trajano Coelho Neto, Darci Coelho, Adão Bonfim Bezerra, José Freire, Célio Costa e a tantos que também defendiam a divisão de Goiás.

Tocantins criado e João se elege ao Senado pelo novo Estado. Em uma de minhas idas a Brasília ouvi de um experiente jornalista que ele era um senador competente, técnico e sem viés político-partidário. Tanto que nem se preocupou em seguir “carreira”, disputar reeleição, virar governador. 

E mesmo residindo em Goiânia, o Tocantins sempre foi o principal assunto de João Rocha. Adorava falar sobre o Estado com muito entusiasmo. Em uma de nossas últimas conversas virtuais eu disse a ele que voltaria a Goiânia e que iria revê-lo com “mais tempo” como prometido na visita anterior. 

Não deu tempo. Mas sonhamos e vivenciamos o Tocantins que tanto amamos. Como muitos, como tantos. 

Obrigado, João Rocha. Missão cumprida, descanse em paz!