Elson de Souza Ribeiro
Historiador, escritor e professor da rede pública do estado de Goiás

O fiasco da manifestação do último domingo, com alguns gatos pingados e bandeiras antidemocráticas, reforçou a pretensão da ignorância, que é reivindicar espaço e dar continuidade a polarização política iniciada em 2018.

O bom senso foi atropelado. Grupos reacionários, que ignoram a ciência iluminista e até o conhecimento do senso comum, pois, os dois tipos de conhecimentos podem ser complementares, fizeram ouvidos mocos para o pedido do Ministério da Saúde. Desprezaram o apelo de evitar aglomerações e foram pedir um modelo político, que muitos dos que lá estavam, no meio das manifestações, nunca viveram: o AI-5.

A sensação de pânico não é só em razão da pandemia, mas a impressão de abandono por parte do chefe da Nação, que mesmo suspeito de ter o Covid-19 , não seguiu o protocolo e desceu a rampa do Planalto para tirar selfie com rosto colado, junto aos seus apoiadores, argumentando que o vírus é pura histeria, embora o Brasil já registra mais de 200 casos.

Tempos difíceis. Enquanto países europeus e asiáticos levam a sério a pandemia, o presidente da República do Brasil, trabalha na contramão desacreditando na veracidade e na gravidade do novo vírus, praticando um crime contra a saúde pública. Enquanto isso, uma dúzia o chama de mito, enchendo o seu ego e alimentando a sua vaidade, típica de um adolescente ainda imaturo, que brinca de governar e ao mesmo tempo despreza a vida humana.

E, para piorar, os seguidores de Bolsonaro parecem estar dentro de uma imensa bolha funcionando com uma coesão irracional. O chefe maior da nação fala algo absurdo e todos os outros dentro desta bolha acatam. Não leem a imprensa profissional e nem outras fontes confiáveis de informações. Digerem só o que está na bolha, abrindo mão de contestar o absurdo, garantindo assim a sobrevivência do seu líder.

Lamentavelmente, estes correligionários, que parecem figuras pioradas do presidente, não percebem que é na Democracia onde ele faz e acontece. E, por isso, não faz sentido pedirem a volta da ditadura, pois num eventual governo militar, possivelmente, nem o próprio Bolsonaro iria sobreviver politicamente.

Enquanto isso, os membros que o acompanharam para a viagem à Flórida, na semana anterior, já contabilizam onze infectados. Mas o que isso importa? Viva o mito!