A reeleição do presidente da OAB no Tocantins na terça-feira, 16, pode ter mostrado muita coisa. Mas, com estreita margem de erro, demonstrou o equívoco da oposição na entidade em pelo menos duas táticas: ir dividida para a disputa e escolher como estratégia um discurso ad hominem a debater questões ad rem. 

Trocou o homem pela coisa, ignorando o básico da filosofia e da lógica, algo que os políticos tradicionais deixaram há muito de fazer uso pelos resultados que o equívoco, quase sempre, opera. 

Dizendo-se não políticos mas agindo como se tivessem natureza tal e de baixaestatura retórica, os opositores na ordem se dispuseram consciente e inadvertidamente a concorrer ao papel de vítima de anátema de que os verdadeiros políticos profissionais buscam afastar-se.

O discurso transformou a batalha em um homem a ser combatido e não uma entidade a ser discutida. Como na maioria dos casos do gênero, levou ao escolhido objeto da crítica uma imagem distorcida, favorecendo-lhe, por simples lógica, o papel de vítima e, assim, merecedor de compaixão pelos excessos que a retórica discursiva eleitoral cometera sem freios ou reflexão de forma.

Uma retórica paradoxal por princípio posto fundada numa régua moral e ética que, contrariamente, na prática, é desnudada (e enfrentada) pelos próprios advogados no seu dia-a-dia quando tem como um dos principais armamentos a seu favor a presunção de inocência de seus clientes até sentença condenatória transitada em julgado.

A subversão casuística da regra pode não estar na totalidade dos apoios ao candidato reeleito, mas, indiscutivelmente operou a seu favor nos dois terços dos votos que angariou na disputa com dois outros candidatos. Uma supremacia de quase metade do total de eleitores que compareceram às urnas para escolherem o presidente dentre três postulantes. 

A campanha eleitoral dos advogados, entretanto, tal como se deu, deveria provocar na categoria um outro debate mais avançado que talvez pudesse evitar a exposição de casuísmo em desfavor da entidade, que a reduzem numa medida proporcional ao respeito que se lhe dão e a seus representantes ali colocados pela própria categoria. Uma representação que, em absoluto, se confunde com o representante.

Ademais, os excessos contribuem para a formação do raciocínio de que estariam além da entidade as finalidades eleitorais ao priorizar-se a fulanização do objeto que mais que ser debatido, exigiria ser combatido na representação e na vontade.

Como substrato da sociedade, a categoria por maioria absoluta optou por aquele que já estaria condenado, observando-o como vítima ou nos excessos da oposição, deficiência argumentativa. 

Ainda que tramitassem recursos judiciais em seu favor e o instituto da defesa fosse não só uma prerrogativa mas um imperativo constitucional do estado democrático e de direito que os advogados conhecem e deveriam defender mais do que ninguém.

O resultado, assim, nada mais foi do que consequência da estratégia que não ficou devendo em nada à mais árida e bovina campanha eleitoral de políticos profissionais que não conseguem eleição. 

Desconstruindo, com a forma, biografias dos próprios candidatos derrotados que aceitaram as armas que lhes indicaram para a guerra camicase.
Isto porque se na história da OAB regional, durante muito tempo a disputa extrapolava a entidade, com participação direta de políticos e governo, no dualismo partidário prevalente, agora ela se dá internamente com a divisão ganhando seu coração.

É o totalitarismo e radicalismo ocupando uma entidade fincada na democracia.