Uma das maiores companhias de alimentos do mundo, a JBS amanheceu nesta quarta-feira (13) sem dirigente e viu-se forçada a pensar a sucessão de Wesley Batista, medida que a cúpula da empresa vinha tentando postergar Acusado de valer-se de informação privilegiada para lucrar no mercado acionário e de câmbio, Wesley teve a prisão decretada.

Seu irmão, Joesley, já estava preso desde domingo (10), acusado de omitir informações em sua delação. Com Joesley e Wesley presos, o irmão mais velho, José Batista Júnior, conhecido como Júnior Friboi, compareceu à empresa para ajudar o pai, José Batista Sobrinho, fundador da JBS, em deliberações emergenciais. 

Júnior já foi presidente da JBS. Wesley Batista Filho, filho de Wesley e presidente de uma divisão da JBS nos EUA, também participou das conversas. Segundo fontes que acompanharam as discussões, a família ainda trabalha com a possibilidade de Wesley retornar ao cargo nos próximos dias. 

Novos nomes

Há preocupação de que uma substituição imediata do empresário sinalize que a JBS não acredita que ele será libertado em breve. Apesar disso, a discussão sobre novos nomes já começou.

Em reunião do conselho de administração hoje, a representante do BNDES, Claudia Azeredo Santos, sugeriu que Gilberto Tomazoni, à frente das marcas internacionais da JBS, assumisse interinamente. Como a reunião foi apenas informativa, a proposta não foi votada.

Próximo da família, Gilberto Xandó, que assumiu o lugar de Joesley no conselho de administração da JBS, também é visto como possível sucessor. Existe a alternativa de se buscar um nome do mercado.
 
A terceira geração da família estava sendo preparada e é vista como “verde”. Wesley Filho está no grupo desde 2010. Murilo, filho de Joesley, trabalhava em funções laterais na J&F. Já o pai de Wesley e Joesley e o irmão mais velho estão fora do grupo há anos. 

Consequências da prisão

Depois de ser afetada diretamente pelas delações de seus executivos, a JBS pode sofrer novo revés após a prisão de seu CEO, Wesley Batista. Ele está afastado temporariamente da presidência, mas corre o risco de deixar o cargo de maneira definitiva, o que pode fazer os bancos anteciparem cobranças de dívidas por quebra de contrato. Tentativas de retirada de Wesley da direção do conselho administrativo acontecem desde o início de agosto, quando, juntamente com a Caixa Econômica Federal, o BNDES – que detêm 21,3% das ações da empresa – moveu ação na Justiça para impedir os irmãos Batista, Wesley e Joesley, de entrar em reunião que iria decidir sobre o afastamento do primeiro.

Em nota, o BNDES diz que, com a prisão de Wesley, o Conselho de Administração da companhia deve escolher um administrador interino e relata que, para o banco, “contribuiria para o melhor interesse da companhia, e para a sua preservação e sustentação, o início de uma renovação de seus quadros estatutários, inclusive com a abertura de processo seletivo para a escolha de novo CEO.”