O Ministério Público Federal (MPF) avaliou que o governador Marcelo Miranda (MDB), em todas as suas passagens a frente do Estado, esteve “envolto em investigações e corrupção”. Ele detalhou que suas gestões contaram com uma composição familiar: “onde o patriarca, o seu pai, Brito Miranda, e o seu irmão, Júnior Miranda, funcionavam como vigas de um esquema de fraudes em licitações, desvio de recursos, recebimentos de vantagens indevidas, falsificação de documentos e lavagem de capitais”, tendo como objetivo a acumulação de riqueza.

O MPF detalha que Marcelo foi alvo de diversas operações, como Pontes de Papel, que teria gerado um prejuízo estimado em R$ 458 milhões; a Ápia que levou a mais de 500 indiciados e bloqueios de bens no patamar de R$ 431 milhões; a Marcapasso, que identificou pagamentos de vantagens indevidos no valor de R$ 2,259 milhões e a Reis do Gado, onde teria sido constatado o envolvimento do governador e de seus associados em uma “engenharia criminosa de lavagem de dinheiro, transações imobiliárias fraudulentas e manobras fiscais ilegais, para dar aparência de licitude aos recursos captados entre os anos de 2003 a 2012”.

O MPF dividiu as investigações em sete eixos: fazendas Ouro Verde/São José e Triângulo/Santa Cruz, fazenda Mora da Prata, aeronaves, grupo Feci, WTE Engenharia, MVL Construções e Agropecuária Mata Verde e na denúncia apresentada ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), detalha as investigações dos eixos fazendas Ouro Verde/São José e Triângulo/Santa Cruz, fazenda Mora da Prata e Agropecuária Mata Verde.

Para o MPF, com a posse de Marcelo em 2003 foi “montada uma estrutura criminosa para garantir o enriquecimento ilícito deles, a perpetuação do grupo político no poder e a aparência de legalidade de suas investidas contra os cofres públicos”.

Esquema

O MPF detalha na denúncia que as tarefas eram dividas entre os núcleos político, empresarial e operacional, sendo que o governador Marcelo seria o “chefe da associação criminosa” e comandava o núcleo político. E ao seu pai, secretário de Infraestrutura, de 2003 a 2009, fazer as tratativas de valores e articulações políticas. Já seu irmão, Júnior Miranda, fazia a “administração econômica e negociatas com políticos e empresários para consolidar a atuação criminosa”.

Segundo o MPF, o núcleo operacional, que tinha como missão “materializar os comandos criminosos do grupo político e dissimular a acumulação de riquezas da associação criminosa”, era composto por Alaor Jual, que fornecia as orientações técnico-contábeis, e por Alexandre Fleury, laranja das transações financeiras, envolvendo imóveis rurais, bovinos e dinheiro, com movimentação apenas nas suas contas bancárias de R$ 39,695 milhões.

Já o empresarial seria composto pelos empresários Luiz Pereira, Rossine Guimarães e Antônio Lucena que, “em troca de privilégios na administração estadual, como aditivos e recebimentos por contratos públicos, pagavam vantagem indevida ao núcleo político, diretamente ou por intermediários, na busca do lucro fácil”.

A denúncia foi recebida na quinta-feira pelo ministro do STJ Mauro Campbell, que abriu prazo de 15 dias para as defesas se manifestarem. Por meio de nota, a assessoria do governador disse que ele não teve às denúncias, mas que “antecipa que estará à disposição da Justiça para todo e qualquer esclarecimento”.