“O governador hoje ainda é o Marcelo Miranda e estamos aguardando a notificação da Justiça Eleitoral”, frisou o presidente da Assembleia Legislativa, Mauro Carlesse (PHS), já no início da entrevista. Ele afirmou que aguarda a notificação da Justiça Eleitoral à Assembleia Legislativa para assumir o comando do Executivo estadual, mas garantiu que fará poucas alterações na estrutura atual do governo. Carlesse é o próximo na sucessão ao governo do Estado, que teve o governador Marcelo Miranda (MDB) e sua vice, Claudia Lelis (PV), cassados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na última quinta-feira. O TSE ainda não publicou o acórdão do julgamento e novas decisões sobre a eleições estão previstas para próxima terça-feira.

“Nesse primeiro momento não haverá tanta mudança, o Estado hoje tem bons profissionais e não vejo um quadro de grande mudança. Eu acredito em aproveitar a maioria do quadro existente, talvez fazendo alguns remanejamentos”, afirmou Carlesse, mas ele preferiu não entrar em detalhes enquanto não assumir o governo. “Não quero antecipar nomes ou quantidades de secretarias.”

Em relação às ações em andamento, eventos já agendados, Carlesse respondeu que dará continuidade. “O calendário de eventos precisa ser mantido e não posso interferir em um processo que deve ser produtivo”, disse. O presidente defendeu a continuidade, mas fazendo melhorias e adequações.

Sobre um dos grandes problemas no Tocantins, a saúde pública, Carlesse ressaltou que: “vamos supor que eu fosse governador hoje, temos um projeto que melhoraria muito a saúde no Tocantins. Organizando e desafogando os grandes centros, que hoje é o gargalo. E queremos fazer um trabalho onde essas pequenas cirurgias, traumas, sejam resolvidas nos municípios onde ocorreram os acidentes”.

Para o presidente do Legislativo estadual, o Tocantins passa por graves problemas nas áreas da saúde, educação e segurança pública. Outro problema, os municípios estão “praticamente abandonados”. Carlesse defendeu um governo municipalista. “Pois hoje todos os municípios estão abandonados, você conversa com os prefeitos e eles estão desmotivados, sem condições de fazerem as coisas. Enquanto temos um Palácio (Araguaia) rico, os municípios estão pobres, temos que mudar isso.”

Eleições

“Eu pretendo ser candidato na eleição suplementar, já havia lançado minha pré-candidatura ao governo e pretendo mantê-la”, confirmou Carlesse. Mas, para o presidente, é muito ruim para o Tocantins que sejam realizada duas eleições no ano. “Acho que a melhor saída é optar pela eleição indireta e depois ter as eleições normais. Duas eleições diretas em período tão curto pararia o Estado”.

Sobre a cassação dos mandatos de Marcelo e Claudia, Carlesse afirmou que recebeu a decisão do TSE com surpresa. “Para mim essa ação de cassação já estava superada, não esperava a mudança que houve.”

Perguntando sobre a decisão do TSE, Carlesse preferiu não falar, mas ponderou que o Tocantins passar pela segunda cassação é muito ruim. “Mas eu acho que a Justiça existe para fazer as mudanças. E é preciso respeitar o que pode e o que não pode. Se não pode e fizeram, é preciso pagar pelo ato. E não é só isso que vemos no Tocantins, temos acompanhado investigações de desfalques milionários no Poder Público e um governo em uma situação muito difícil, mal conseguindo pagar a folha de pagamento.”

Carlesse afirmou que para ter mudanças na política no Tocantins e no Brasil é preciso que novas pessoas entrem na política. “Pessoas comprometidas com o Poder Público e que tenham medo da Justiça. Pois quem tem medo não faz coisa errada”, finalizou.

Com a ida de Carlesse para o governo estadual, mesmo temporariamente, a 1º vice-presidente da Assembleia, Luana Ribeiro (PDT), assume o comando da Casa de Leis.

Perfil

Carlesse, 58 anos, é natural de Terra Boa (Paraná). É empresário e agropecuarista, sendo que iniciou a carreira política no Partido Verde (PV), em 2011. Foi eleito deputado estadual em 2012 pelo PTB e em 2016 foi eleito presidente da Assembleia.