Deflagrado o pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, o Palácio do Planalto resolveu trabalhar para apressar o desfecho do processo, enquanto parte da oposição prefere prolongar a discussão até 2016.

O Planalto montou uma operação para convencer ministros e deputados da base aliada que era melhor acelerar a tramitação. Primeiro, o ministro Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) se reuniu com líderes e à tarde, Dilma se encontrou com 23 ministros.

Segundo a reportagem apurou, a estratégia do governo é adiantar a votação no Congresso para não mudar a avaliação de que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), retaliou o PT ao acatar o pedido. Nas palavras de auxiliares da presidente, “o pecado inicial de Cunha” será usado pelo governo para “deslegitimá-lo”.

Essa linha deve ser adotada caso fracassem as ações que o governo preparou para encaminhar ao STF pedindo a suspensão do pedido.

O ministro Jaques Wagner (Casa Civil) disse que Dilma “está com pressa” para votar o impeachment. Para ele, não é “razoável” que haja recesso durante a tramitação de uma ação como essa, a partir de 23 de dezembro.

Mesmo assim, o ministro ponderou que a decisão de entrar ou não em recesso fica nas mãos de Cunha e do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Para suspendê-lo, as duas Casas teriam de aprovar a decisão.

Oposição

Por outro lado, em uma guinada repentina, líderes da oposição na Câmara e no Senado passaram a defender que o Congresso entre em recesso. A avaliação é que, sem mobilização popular, o governo conseguiria esfriar a discussão sobre o impeachment. Com mais tempo de tramitação, a mobilização viria.

Essa percepção, embora forte, no entanto, não é uma unanimidade. No PSDB, por exemplo, nomes de peso como o senador José Serra (SP) têm defendido que é melhor para o país que haja um desfecho célere. O tucano defendeu que manter o país em suspense é irresponsabilidade.

Comissão

Cunha criou ontem a comissão especial para análise do impeachment. A leitura da denúncia contra Dilma foi feita em plenário.

As indicações de 65 deputados criaram uma nova queda de braço. Em reunião com os líderes, Berzoini defendeu que é essencial emplacar tanto o presidente como o relator. Cunha, por sua vez, tenta segurar um dos postos para político de sua confiança.

A escolha dos membros está marcada para a próxima segunda-feira.