A comerciante Simone de Jesus, de 38 anos, esposa do tocantinense Wanderson Mota, de 32, que trabalha como mecânico na empresa Vale e está entre os desaparecidos após o rompimento da barragem em Brumadinho (MG), diz que não perdeu a esperança de encontra-lo com vida. “Minha esperança é que ele esteja vivo na mata, talvez machucado. Não perco a esperança hora nenhuma, mas a situação só fica pior”, conta.

Além da angústia de não saber notícias sobre Mota, Simone reclama que a empresa não está atualizando as famílias com novidades do ocorrido, e que só consegue informações através de uma cunhada que é policial civil e está no Instituto Médico Legal (IML) acompanhando os resgates. “A Vale está ocultando muita coisa. Não passam nada, não temos nenhuma informação”, comenta.

Sobre o dia em que a barragem rompeu, por volta do meio dia da última sexta-feira, 25, Simone conta como foi seu último contato com o esposo: “Nesse horário o Wanderson estava no refeitório almoçando. Eu tinha falado com ele poucos minutos antes, porque estamos montando uma loja aqui em Brumadinho e mandei as fotos para ele. Quando deixei a loja e cheguei em casa para almoçar, já não tive mais  notícia nenhuma”.

O mecânico é natural de Filadélfia, distante 479 km da Capital, e duas irmãs suas que moram no município tocantinense estão a caminho de Brumadinho neste domingo, 27, conforme contou Simone.

Sirene

A comerciante relatou também que ouviu a sirene de evacuação da empresa, que ocorreu na madrugada deste domingo e deixou a população em alerta. “Os que ficam com medo moram do lado do rio Parauapebas, porque a água pode descer e levar as casas. Minha mãe mora ao lado de onde ocorreu o acidente, no córrego Feijão, e ontem o resgate estava tirando pessoas mutiladas da lama. A situação está muito difícil”, finaliza.

A Vale informou em nota neste domingo que acionou as sirenes de alerta ao "detectar aumento dos níveis de água nos instrumentos que monitoram a barragem 6".