A preocupação ambiental dos ribeirinhos ganha adeptos numa outra ponta, onde normalmente isso é ignorado: no lado empresarial. Especialista na área, o Gerente Executivo de Concessões Florestais (Gecof) do Ministério do Meio Ambiente Henrique Dolabella (foto), além das atribuições do posto que ocupa, é um ardoroso defensor do manejo florestal como forma de combater a extração ilegal, principalmente de madeiras, segundo ele, a mais impactante. E lista os cuidados que o empreendedor deve tomar: planejamento, divisão de áreas, limites de colheitas e o respeito a espécies como a castanheira, árvores jovens, diversidade geográfica do bioma amazônico e a legislação pertinente, tipo Código Florestal, Lei das Concessões Florestais, resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), instruções normativas do Ibama, estaduais e até internacionais.

O Brasil tem 315 milhões de hectares de florestas públicas (o equivalente a uma Índia) e isso, segundo Dolabella, dificulta a fiscalização para evitar ações predadoras a exemplo de roubo de madeiras em áreas indígenas. Ele destaca que o manejo foca o que é ambientalmente correto, economicamente viável e a máxima de que a manutenção da floresta em pé é primordial, papéis que devem ser desempenhados pelas comunidades e também pelos empreendedores.

Dolabella revela que no Amazonas não existe floresta nacional com plano de manejo, mas que o estado começou a se estruturar para isso no ano passado. Os gargalos para uma concessão florestal, de acordo com ele, são o excesso de burocracia e equipe reduzida nas estruturas públicas. O resultado se mostra mais eficiente quando a atividade é no sistema público-privado e onde o privado é forte, como é o caso da suíça Mil Madeiras (Precious Woods) instalada em Itacoatiara.

Entre os desafios estão o direito de propriedade mal definido e difícil de fazer valer esse direito na Amazônia, onde cartórios fazem registros sem critérios, o que gera conflitos fundiários. Dolabella entende que aí entra outro benefício das concessões florestais, com os concessionários ocupando as áreas e fazendo valer esses direitos.

Ele finaliza dizendo que as concessões movimentam a economia local, tanto que as comunidades indígenas e ribeirinhas em sua maioria são favoráveis. Mas há setores contrários, como alguns ambientalistas e procuradores.