A Vai-Vai, maior campeã do carnaval paulistano, a Mocidade Alegre e a Gaviões da Fiel foram os grandes destaques do segundo e último dia de desfiles de carnaval do Grupo Especial em São Paulo. No primeiro dia, Acadêmicos do Tatuapé e Mancha Verde se destacaram. A escola campeã será conhecida na tarde de terça-feira, 13.

Com um samba envolvente em homenagem a Gilberto Gil, a Vai-Vai contagiou o público e se credenciou como uma das favoritas para conquistar seu 16.º título. A obra e a biografia de Gil foi destacada pela escola do Bixiga, na região central de São Paulo, com alegorias robustas e muito coloridas, como os carros da Tropicália e do Sítio do Pica-Pau Amarelo. Uma das alas destacou a luta do cantor contra a ditadura e sua prisão, em 1968, pelo regime militar.  O samba-enredo "Sambar com fé eu vou" foi composto com vários trechos de músicas de sucesso de Gil, como "Domingo no Parque", "Filhos de Gandhi" e "Parabolicamará". O cantor estava no último carro da escola e se emocionou com a homenagem.

Já a Mocidade Alegre, dona de dez títulos, homenageou a cantora Alcione, de 70 anos, considerada a "Rainha do Samba". No samba-enredo que foi bastante cantado nas arquibancadas, a  escola da zona norte destacou o clássico "Não deixa o samba morrer", gravado pela Marrom em 1975. Foi Alcione quem puxou seu próprio samba no começo do desfile ao lado dos intérpretes Tiganá e Ito Melodia, ainda no chão do Anhembi, e depois subiu no último carro da escola para ser homenageada como o enredo "A voz marrom que não deixa o samba morrer".

No desfile, muitas referências a São Luís do Maranhão, onde Alcione nasceu em 1947. Destaque para o carro da festa do Bumba-meu-boi, que arrasta uma multidão de maranhenses todos os anos, e para a homenagem à Estação Primeira de Mangueira, escola do coração da cantora, no samba-enredo e com alas mesclando o verde e rosa da agremiação carioca com o vermelho e branco da Mocidade. Bastante apoiada por seus torcedores, que acenderam sinalizadores e cobriram o Anhembi de fumaça, a Gaviões da Fiel abusou da criatividade para contar a história da cidade de Guarulhos no sambódromo a partir de uma lenda indígena da aldeia dos Guarus.

No abre-alas, a escola abiu mão do preto e branco e trouxe um gavião, símbolo da agremiação, nas cores rubro-negra. Comandada pelo mestre Ciro Castilho, a bateria fez longas paradinhas, empolgando ainda mais os torcedores da escola, que agitaram bandeiras na arquibancada e ensaiaram coro de campeã.