Roubo de carga e de carros, furtos e adulteração veicular e homicídios são os crimes investigados pela Polícia Civil e que eram praticados pela organização criminosa desmantelada na operação Necandi - referente ao termo em latim animus necandi (vontade de matar). A organização criminosa contava com um departamento de alteração dos veículos e de homicídios. Dois integrantes, inclusive, foram mortos a mando de um dos líderes do grupo. As investigações continuarão e novas fases devem ser realizadas, de acordo com a Delegacia Estadual de Investigações de Homicídios (DIH).

As investigações sobre a organização criminosa começaram em agosto do ano passado, a partir da morte de Alessandro Ribeiro Borges. O empresário foi assassinado na porta de casa, no Jardim Europa, em Goiânia. Durante as apurações do crime, a Polícia Civil concluiu que Alessandro integrava o grupo criminoso. Ele foi apontado como um dos líderes, ao lado de Vinícius de Andrade Borges Teixeira.

A organização criminosa, conforme explicou o delegado Dannilo Proto, atuava no furto e roubo de veículos ou com a aplicação do golpe do documento falso em locadoras de automóveis. Os crimes eram cometidos em Goiânia, Aparecida de Goiânia e Senador Canedo. Contudo, existem registros de furtos fraudes também em São Paulo. 

Depois de serem adulterados os veículos eram vendidos no Pará e no Tocantins e o dinheiro trocado por madeira clandestina. Os recursos dessa atividade era lavado em bens e empresas de fachada, de acordo com a Polícia Civil. Integravam o grupo responsável por essa ação Vanessa Rosa Silva, servidora comissionada do Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran) e esposa de Vinícius; Maxunter Frade Constantino; Cesar Francisco e Vicente Paulo de Amorim. Vanessa também emprestava a conta bancária para as transações financeiras do companheiro.

Nas apurações policiais foi identificado que o departamento de homicídios da quadrilha era o responsável por eliminar os desafetos da organização, bem como aqueles que causassem desavença ao grupo. Tanto que, de acordo com o delegado, foi um desacordo entre os líderes que resultou na morte de Alessandro. “Acreditamos que o Vinícius queria assumir a liderança do grupo sozinho. Além disso, já tinha uma quantia em dinheiro na conta dele e, assim, não precisaria prestar contas ao sócio”, frisou o delegado.

O empresário foi assassinado por Marco Aurélio Borges e Deivid Nogueira Pires. São suspeitos de também integrarem o grupo homicida Cesar Luiz Ramos (vulgo Jr Cabeção) e Beth Nascimento Oliveira (vulgo Beth), esposa de Maxunter.

Nova morte
Em janeiro deste ano, um integrantes do grupo foi morto a tiros, no Anel Viário, na altura do Residencial Moinho dos Ventos, na capital. De acordo com a Polícia Civil, a morte foi uma queima de arquivo em relação ao primeiro homicídio.

Marco Aurélio morreu do mesmo modo que Alessandro, conforme apontou a polícia: à luz do dia, os assassinos se aproximam, atiram e fogem. Os veículos usados para matar as duas vítimas foram queimados. “Beth atraiu Marco Aurélio com a desculpa de fazer um orçamento (a vítima era proprietária de uma empresa de insulfilme) e Deivid este no local recolhendo as cápsulas”, complementou Dannilo.

Nas investigações seguintes, um fato chamou a atenção da polícia, conforme ressaltou o delegado. Uma testemunha ocular da morte de Marco Aurélio adisse que foi ameaçada. Então, um acesso ao boletim de ocorrência foi identificado. São suspeitos de terem repassado as informações ao grupo os escrivães do 20º Delegacia de Polícia Gerci Moreira Santos Júnior e Rossini Uchoa.

A ligação ameaçadora teria sido feita pelo delegado recém-aposentado Carlos Eduardo Chaves Gallieta, segundo a Polícia Civil. A intenção era coagir a testemunha. A participação dele ainda não está totalmente esclarecida e continuará sendo investigada pela Polícia Civil, mas a priori ele negou envolvimento.

O Detran informou que Vanessa é comissionada, mas está atualmente à disposição do Conselho Estadual de Trânsito de Goiás. Diante das suspeitas, a Gerência de Auditoria irá acompanhar a apuração dos fatos que estão sendo investigados pela Polícia Civil para averiguar se houve e qual a extensão da participação da servidora nos crimes. Caso seja comprovado o envolvimento da mesma, ela responderá a processo administrativo que poderá resultar em sua exoneração.

Suspeitos citam novos nomes

O delegado Dannilo Proto, que conduz as investigações acerca da organização criminosa, aponta que outros crimes e novas pessoas serão investigados. Os novos nomes foram apontados durante as oitivas dos suspeitos presos pela Polícia Civil. Todavia, os inquéritos que apuram as mortes de Alessandro Ribeiro Borges e Marco Aurélio Borges serão finalizados.

Dentre os outros crimes que estão em apuração está o de agenciamento de algumas mortes no Pará, Tocantins e também em cidades do interior de Goiás, por parte do departamento de homicídio. A negociação está presente em áudios interceptados pela polícia.

“É investigada a participação dos policiais no agenciamento da pistolagem, sim”, frisa Dannilo.
O empréstimo de nomes por parte de terceiros para recebimento de dinheiro continuará sendo averiguado. Nesta primeira fase, foi identificada a participação de Ginalma Aparecida Silva nesse tipo de ação.

O roubo de combustível também continua em apuração pela Polícia Civil. Alessandro Ribeiro Borges, de acordo com Dannilo, teve envolvimento numa ocorrência desse tipo em 2016, junto com outro investigado. Eles foram autuados por receptação de combustível roubado, uma vez que não houve flagrante.