Cerca de 30 minutos após assassinar a ex-noiva Jessyka Laynara da Silva Souza, de 25 anos, na última sexta-feira (4), em Ceilândia, no Distrito Federal (DF), o militar Ronan Menezes, de 27, ligou para um primo da vítima para saber se ela havia morrido. A informação foi divulgada pela avó de Jessyka, Madalena Honorata da Silva, de 70 anos, em entrevista dada ao Metrópoles nesta terça-feira (8).

De acordo com a mulher, que morava com a neta, pouco antes do crime, Ronan entrou na residência, passou por ela, que estava sentada no sofá da sala assistindo televisão, e foi até a cozinha, onde Jessyka estava. Lá, deu dois tiros na jovem. A vítima saiu correndo para o banheiro, mas antes de se trancar no cômodo, foi atingida por um terceiro disparo, nas costas, caindo morta diante da avó, que tentava entender o que havia acontecido. A idosa não foi agredida pelo militar e alega não ter ouvido nenhuma discussão.

Após cometer o crime, Ronan seguiu para uma academia nas proximidades e atirou por três vezes contra o instrutor de educação física Pedro Henrique da Silva Torres, de 29 anos. Em meio ao caminho da casa onde Jessyka foi morta até o estabelecimento, ele ligou para um parente da ex-noiva para confirmar se ela havia morrido. "Mano, ela morreu? Ela morreu?", perguntou. Pedro Henrique foi socorrido, levado ao Hospital Regional da cidade (HRC), passou por cirurgia e encontra-se estável e consciente após deixar a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ouvido por investigadores, ele disse que estava "conhecendo melhor" Jessyka e que, antes de ser baleado, chegou a conversar com Ronan.

HISTÓRICO DE AGRESSÃO E EXPULSÃO DA PM

Em um áudio encaminhado a uma amiga dias antes de ser morta, Jessyka contou que havia sido agredida por Ronan e que, por medo, não denunciou o militar, com quem se relacionava há seis anos. “Era para eu estar enterrada agora. Ele me espancou tanto, tanto. Me deu tanto chute, soco, coronhada. Rasgou minha cabeça. Nunca apanhei tanto na minha vida”, relatou.

Segundo o comandante da Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF), coronel Marco Antônio Nunes, Ronan Menezes será expulso da corporação, de onde é membro desde 2014. Ele, que responderá pelos crimes de feminicídio e tentativa de homicídio, está preso desde o último sábado (5) e teve o seu porte de arma cassado.