Autoridades americanas afirmaram nesta terça-feira (03) que o atirador do massacre em Las Vegas, Stephen Paddock, planejou “extensivamente” as suas ações. “Isso foi premeditado, extensivamente, e tenho certeza de que ele avaliou tudo em suas ações, o que é problemático”, disse o xerife de Las Vegas, Joseph Lombardo, em entrevista coletiva.

Sem dar mais detalhes, Lombardo afirmou que havia câmeras do lado de fora e de dentro do quarto do atirador. Do 32º andar do hotel Mandalay Bay, Paddock atirou contra uma multidão que assistia a um show de música country, matando 59 e deixando mais de 500 feridos. Segundo fontes oficiais, ao menos 50 pessoas continuam internadas em estado crítico.

Paddock disparou por cerca de nove minutos e as autoridades também confirmaram que pelo menos um fuzil entre o arsenal encontrado no quarto de hotel foi equipado com um acessório de baixa tecnologia destinado a transformá-lo em metralhadora capaz de disparar centenas de vezes por minuto.

A avaliação é que os preparativos meticulosos permitiram ao atirador disparar em uma área urbana e atingir uma multidão a cerca de 450 metros de distância. Ao menos 23 armas de fogo estavam no quarto, segundo as autoridades, incluindo fuzis projetados para serem disparados a essa distância, e a posição em que se encontrava aumentava a probabilidade de seus projéteis acertarem as pessoas.

As motivações do aposentado, de 64 anos, ainda estão sendo investigadas. A Polícia também descobriu que Paddock transferiu US$ 100 mil para uma conta nas Filipinas, país de origem de sua namorada, Marilou Danley.

Marilou é cidadã australiana e vivia com Paddock na cidade de Mesquite, em Nevada. No momento do ataque, ela estava em Hong Kong, onde foi ouvida por agentes americanos, que descartaram ligação da mulher com o massacre em Las Vegas, mas as autoridades ainda não conseguiram descobrir o motivo do envio de recursos.

“Demente”

Antes de viajar para Porto Rico, o presidente americano, Donald Trump, afirmou que o atirador possuía problemas mentais. “Era um homem doente. Um homem demente, com muitos problemas”, disse o presidente, que se recusou a chamar o incidente de terrorismo interno.

Trump disse que as leis americanas sobre armas de fogo serão discutidas eventualmente. “Iremos falar sobre leis de armas com o passar do tempo”, disse o republicano a repórteres, na Casa Branca. 

Tática levanta dúvidas sobre EI

O grupo extremista Estado Islâmico (EI) tinha a reputação de apenas reivindicar atentados que havia organizado ou inspirado. Porém, nos últimos meses, após ter perdido terreno em seu “califado” na Síria e no Iraque, surgem dúvidas a respeito de suas reivindicações, segundo especialistas e autoridades. O EI afirmou que o assassino de Las Vegas, Stephen Paddock, um contador aposentado e assíduo apostador, era na verdade “Abu Abdelberr, o americano”, “soldado do califado”, convertido ao Islã. Investigadores e serviços de inteligência se mostraram céticos quanto a essa declaração. O FBI publicou um comunicado no qual descartou, até o momento, qualquer ligação entre Paddock com alguma organização terrorista.

“Atualmente o EI tende a reivindicar todos os atentados porque sofreu perdas militares e, ao mesmo tempo, tem que seguir ganhando espaço na mídia”, declarou hoje o ministro do Interior francês, Gérard Collomb. A” assinatura” de um ataque ou tentativa de atentado, incluindo frustrado ou abortado, manteve-se o mesmo por muito tempo. Desde o atentado em Nice, na França, em 2016, surgiram dúvidas. Na ocasião, o EI se apressou em reivindicar a autoria, que não se confirmou.