Caçadores de Pokémon, testemunhas de Jeová, guias turísticos com chapéus da Estátua da Liberdade e céticos de que o governo americano tenha dito a verdade sobre o que realmente teria acontecido na manhã de 11 de setembro de 2001. Todos no entorno do complexo onde colapsaram as Torres Gêmeas do World Trade Center.

Do lado de dentro, protegidos por um cercado de segurança, autoridades e familiares se reuniram na manhã deste domingo (11), numa cerimônia em memória das vítimas dos ataques de 15 anos atrás.

Por lá passaram os presidenciáveis Donald Trump, nascido e criado no Queens, e Hillary Clinton, a nativa de Chicago que em 2001 cumpria seu primeiro ano de mandato como senadora pelo Estado de Nova York.

A democrata deixou o evento no meio, após passar mal e alimentar conspirações, populares entre os partidários do adversário, de que sua saúde está fragilizada.

Ao menos na frente da plateia, a dupla -que ficou na mesma fileira, afastada por 11 pessoas, entre eles o prefeito, Bill de Blasio, e o governador de Nova York, Andrew Cuomo- não se cumprimentou.

Os dois haviam combinado de suspender a campanha política no dia, praxe desde a corrida presidencial de 2004, em respeito aos mortos.

Trump se limitou a soltar um comunicado pela manhã. Nele dizia: "Nosso dever solene, em nome de todos aqueles que pereceram há 15 anos, é trabalhar juntos como uma nação para manter toda a nossa gente a salvo de um inimigo que busca nada além de destruir nosso estilo de vida".

Em entrevista pré-gravada à rede de televisão CNN e exibida no domingo, a ex-secretária de Estado criticou a retórica inflamada do rival, que a seu ver dificultaria a guerra contra o terrorismo.

"O que Trump infelizmente faz é tornar nosso trabalho mais difícil. Isso ajuda um bocado [a facção terrorista] Estado Islâmico a transformar isso num choque de civilizações, uma guerra religiosa. Não é, e não pode virar isso."

ARREDORES

Nos arredores, nova-iorquinos e turistas disputavam os melhores ângulos para fotografar o World Trade Center One, o novo arranha-céu, com mais de meio quilômetro de altura -onde antes existiam as torres gêmeas agora há duas piscinas com fundo que parece infinito, por onde escorre água sem parar.

O grupo We Are Change chamava a atenção. Seus membros colavam cartazes que colocavam em xeque a veracidade do que hoje se sabe sobre os atentados de 11/9.

"Com mais de 80 câmeras rodeando o Pentágono, por que só nos foram mostrados fragmentos do impacto? Por que não há menções, no relatório da comissão sobre o 11 de setembro, ao colapso do sétimo prédio, um arranha-céu de 47 andares que foi o terceiro a cair naquele dia?"

Essas são algumas das questões levantadas pelos adeptos da teoria da conspiração, em panfleto que instigava o público a questionar "o que realmente aconteceu".

Para se inteirar, a aposentada Meredith Grant, 73, desgrudou-se da caravana de velhinhos (a maioria do sul americano) que veio para conhecer a reencarnação do World Trade Center -ela só viu as torres originais uma vez, nos anos 1980, com o marido, "num dia horroroso de chuva".

Ouvia atenta à pregação do We Are Change. "É que nem o pouso na lua, tem muita gente que diz que foi sem ser, né? Não estou dizendo que é mentira, mas com a internet fica mais difícil enganar o povo", disse.

A poucos passos, adolescentes corriam atrás de possíveis caças no jogo Pokémon Go, e uma dupla de testemunha de Jeová distribuía convites à fé nos quais se lia: "Onde achar conforto?".

Muitos o encontraram num shopping center construído no subsolo do World Trade Center, sob uma escultura gigante que homenageia as vítimas do atentado.