Cerca de 57 mil mulheres serão diagnosticadas neste ano com câncer de mama, sendo que 14 mil delas têm entre 40 e 49 anos. Esse dado, divulgado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) há alguns meses, fez com que o Senado Federal discutisse, em audiência pública na semana passada, a atual política do governo federal de oferecer rastreamento da doença para mulheres com mais de 50 anos.

 

No debate, o presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, Ruffo de Freitas Júnior, informou que o câncer de mama avança, em média, 5,5% ao ano entre as mulheres mais jovens, que tem entre 40 e 49 anos. Essas mulheres já representam 25% do total das doentes e enfrentam dificuldade para fazer o exame preventivo pela rede pública.

 

Durante as ações de conscientização do Outubro Rosa, a Procuradoria da Mulher do Senado organizou uma audiência pública, presidida pela senadora Lúcia Vânia (PSB-GO), para debater o assunto. José Eduardo Fogolin, diretor de atenção especializada e temática do ministério da Saúde, rebateu a polêmica sobre a faixa etária prioritária e defendeu as diretrizes do governo federal. 

 

Segundo Fogolin, diretor de atenção especializada do ministério, a recomendação foi feita com base em pesquisas sobre a incidência de câncer em outros países. “Não há restrição de idade para a realização de mamografia. O exame será realizado para fins de rastreamento prioritariamente para mulheres de 50 a 69 anos, como os demais países do mundo todo vem preconizando, e todas as demais mulheres que tiverem indicação médica para a realização da mamografia tem o exame garantido”.

 

Lúcia Vânia questionou se os países estudados têm o mesmo padrão de incidência da doença que o Brasil. “Porque os costumes, a cultura, a alimentação e os meios de vida são totalmente diferentes. Se a incidência não é a mesma, nós temos que buscar outros caminhos”, defendeu a senadora.

 

Para Fogolin, antes de reduzir a idade do público-alvo do rastreamento, seria preciso aumentar a cobertura entre as mulheres com mais de 50 anos. Hoje o SUS oferece mamografia para cerca de 25% das mulheres, quando a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é oferecer cobertura para 70% das mulheres.

 

Segundo Ruffo, o exame deve ser feito anualmente e a prevenção deve começar aos 40 anos para reduzir a taxa de mortalidade pela doença. “O Canadá e o Reino Unido reduziram a idade da mamografia para 40 anos e a mortalidade entre as mulheres dessa faixa etária caiu 44% no Canadá e 25% na Inglaterra. Aqui no Brasil, nós temos um quarto da população nesse grupo e nós vamos deixar de fora? Não dá. Porque lá na ponta, nós, médicos, vamos ter que tratar tumores maiores, indicar quimioterapia e a cirurgia da retirada da mama”, explicou o médico.

 

Ações preventivas

Além do acesso ao exame preventivo, os médicos recomendam uma série de ações que podem reduzir a incidência de câncer de mama, que agora avança entre as mulheres mais jovens. Pesquisas apontam que uma jornada de trabalho extremamente extenuante, stress, ingestão de álcool e alimentação de má qualidade são fatores que aumentam o risco de câncer de mama para as mulheres. Depois da menopausa, a reposição hormonal, pode ajudar a ter mais qualidade de vida, mas, junto com a obesidade, também oferece maior risco para o desenvolvimento de um tumor. Por isso, é preciso ter acompanhamento médico para avaliar caso a caso e atender às necessidades de cada paciente.