Enquanto pegava fogo, Damião Soares dos Santos, de 50 anos, chegou a abraçar algumas das crianças que estavam na creche Gente Inocente, em Janaúba, Minas Gerais. A informação foi dada pelo delegado regional Bruno Fernandes, que ainda complementou que o plano havia sido premeditado pelo vigia.

Mas como foram os últimos dias do vigia que causou uma das tragédias que chocou todo o Brasil? De acordo com a Folha de São Paulo, Damião era um homem que não chamava a atenção, conversava com a vizinhança e vendia picolés que ele mesmo fazia para as crianças.

Ele era o caçula entre uma família de sete mulheres e quatro homens. Destes, apenas uma irmã, Maria Alexandrina dos Reis Santos, de 59 anos, compareceu à funerária para lidar com o enterro do irmão — mas nem ela nem outros familiares foram ao sepultamento.

À reportagem, ela contou que Damião vinha apresentando problemas “de cabeça” desde a morte do pai, há três anos. “Ele falava que a gente estava envenenando as coisas dele. Ele saiu da casa da mamãe, foi morar sozinho. Uma pessoa que fez o que ele fez não está certo da cabeça, não”, diz a irmã.

Para o delegado, Damião, que nunca casou ou teve filhos, não cometeu o crime por um surto psiquiátrico. “Não foi um surto. Ele fez por perversidade. Por covardia, resolveu se autoimolar e levar junto quem tinha pela frente. E foi tudo premeditado, até a data escolhida. Foi uma forma que ele achou de chamar atenção”, afirmou Bruno à Folha.

O crime ocorreu na data que marcava 3 anos da morte do pai do vigia. A casa onde Damião morava foi encontrada totalmente “insalubre e inóspita”, segundo a polícia. Também foram descobertas na residência anotações com textos confusos contendo referências ao Estatuto da Criança e do Adolescente.