Devido à quantidade de denúncias de superlotação no Hospital e Maternidade Dona Regina (HMDR), a promotora de Justiça Maria Roseli de Almeida Pery realizou uma vistoria na unidade na última terça-feira, com o intuito de averiguar a situação e as providências tomadas com relação ao problema.

Segundo a promotora, um dos grandes problemas é a falta de administração nas regiões de saúde do Estado. “O que constatamos é que nesses hospitais têm obstetras na escala, em Paraíso tem dois obstetras, Porto Nacional também tem dois e Miracema tem um. Os hospitais são da gestão da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), então se está ocorrendo isso é porque não está havendo uma gestão adequada dos processos de trabalho, do fluxo das gestantes na rede e não está ocorrendo a vinculação da gestante à maternidade”, disse.

Na visita, os médicos do HMDR reclamaram à promotora sobre os obstetras de outras regiões que estão nas escalas de plantão e não atendem os pacientes das suas cidades. “Também fui informada de que na unidade está havendo uma carência de dez obstetras”, disse.

Alta médica

A falta da alta médica de gestantes e recém-nascidos no tempo oportuno também foi uma constatação do MPE. Conforme a promotora, um funcionário relatou que os médicos horizontais, que têm carga horária durante o dia, não estão cumprindo com seus horários e com isso atrapalham o atendimento a gestantes. “Eles chegam muito cedo no horário que não têm gestantes e ficam poucas horas e quando as gestantes chegam não tem o médico horizontal que seria para avaliar, dar alta, fazer pedido, ou seja, fazer toda a rotina”, explicou. Com a ausência deles, a assistência é exercida pelos plantonistas.

A grande quantidade de parto cesárea também foi verificada, onde os dados mostram que o quantitativo está acima da média estabelecida pela Política Nacional de Assistência à Gestante.

O atendimento do HMDR é prejudicado e quem sofre são as mulheres de Palmas. Grávida de 38 semanas e perdendo líquido, Ana Beatriz de Freitas Lima, 18 anos, foi com a mãe, a cozinheira Daliane Freitas Lima, 33 anos, procurar o hospital, por volta das 13 horas de ontem, para ver se já estava entrando em trabalho de parto. “A médica pediu uma ultrassom e um exame de batimento cardíaco do bebê, mas já são 18h30 e falaram que só iam realizar o exame após a troca do turno que acontece às 22 horas”, reclamou.

Todas as falhas de gestão apontadas na reunião foram incluídas em uma Ação Civil Pública (ACP) que tramita na Justiça Federal, desde dezembro passado, a qual requer soluções para os problemas da saúde pública no Estado.

A Sesau informou que, em reunião realizada com diretores e coordenadores do HMDR e membros do MPE, foi esclarecido que em razão da maternidade ser uma unidade de alta complexidade de atendimento materno e neonatal, é grande o fluxo de atendimento de gestantes vindas do interior do Tocantins e de estados vizinhos e que superlotação não faz parte da rotina da unidade e que às 11 horas de ontem os atendimentos já haviam sido normalizados.