A adolescente de 14 anos que matou dois colegas e feriu outros quatro dentro da sala do 8º ano do Colégio Goyases, no Conjunto Riviera, em Goiânia, mostrava-se simpático e defendia os ideais nazistas entre os amigos, como mostrou reportagem da revista Veja.

Segundo a publicação, o pai de um dos amigos do menor decidiu investigar e vasculhar as conversas entre o filho e o atirador. Ele descobriu que o rapaz usava o codinome Adolf em seu perfil no Skype e que tentava convencer os amigos que o nazismo havia sido positivo para a humanidade.

Em uma das conversas, que aconteceram entre abril e outubro, ao ser perguntado se Hitler estava certo, o atirador responde: “Com certeza”. 

Nos prints das conversas, o amigo questiona a amizade dos dois e qual seria o posicionamento do pai dele se soubesse dos ideais do jovem. “Então, você acha que meu pai vai deixar que eu conviva com você?”.

“Ele criou os programas sociais, os foguetes, propaganda anti-fumo, proibi(n)do os maus tratos com animais e fez grandes avanços na medicina”, afirma, em uma das mensagens, o autor dos disparos. Em outra, ele diz que o ditador alemão não matou judeus. “Isso é uma mentira para demonizar Hitler.”

As informações que o jovem replicava foram retiradas de sites de notícias falsas e de teorias da conspiração, como as que propagam que o holocausto dos judeus foi uma farsa e que as imagens dos campos de concentração foram montadas.

Depoimento

Nessa sexta-feira (27), o jovem prestou depoimento por cerca de duas horas. Ele disse que está arrependido e que não tinha a intenção de matar ninguém quando tirou a pistola calibre .40 da Polícia Militar, usada pela mãe no trabalho - ela é sargento da PM goiana -, repetindo o que já havia declarado quando foi ouvido pelo promotor Frederico Augusto de Oliveira Santos, da 4ª Promotoria de Justiça da Infância, Juventude e Atos Infracionais.

Ele também contou que aprendeu a manusear a arma assistindo a vídeos do YouTube. Segundo depoimento do pai na delegacia, a esposa, que está de licença-prêmio por seis meses, guardava a arma dentro do coldre sobre o guarda-roupas do quarto do casal, desmuniciada. As munições estavam trancadas em uma gaveta em outro cômodo da casa.

O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) solicitou que o atirador passe por avaliação psicológica. O laudo deve ser anexado aos autos em até 20 dias e será feito por peritos do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO).

Os pais do jovem querem que ele termine o ano letivo. “Ele nunca faltou às aulas e tem nota suficiente para passar de ano. Estamos vendo junto a Secretaria de Educação e ao Conselho Estadual de Educação se isso é possível ou se ele pode fazer as provas finais no centro de internação”, informou a advogada Rosângela Magalhães, que representa a família no processo.