O ataque de um homem-bomba a um hospital na cidade de Quetta, no Paquistão, deixou ao menos 70 mortos nesta segunda-feira (8), informaram autoridades paquistanesas.

Cerca de cem advogados estavam no hospital após a chegada do corpo de um proeminente jurista local, Bilal Kasi, assassinado mais cedo nesta segunda. Segundo o diretor do hospital em Quetta, Abdul Rehman, há 92 feridos sendo tratados após a explosão.

O grupo Jamaat-ur-Ahrar, facção da milícia afegã Taleban, assumiu a autoria do ataque. É o mesmo grupo que, em março deste ano, explodiu um parque na cidade de Lahore durante a Páscoa -ao menos 70 pessoas morreram e 300 ficaram feridas, a maioria crianças.

Sobrevivente do ataque, o advogado Abdul Latif afirmou à agência Reuters que chegara ao hospital para expressar seu luto pela perda do colega, mas não sabia que "iria ver os corpos de dezenas de outros advogados" mortos e feridos logo após chegar.

Com 1,1 milhão de habitantes, Quetta é a capital da província do Baluchistão, e fica no oeste do país, próxima à fronteira com o Afeganistão. A região é palco de conflitos com grupos insurgentes e tensões sectárias, e já foi uma base do Taleban no passado. Nas últimas semanas, a cidade viu crescer o número de assassinatos de advogados.

Anwar ul Haq Kakar, porta-voz do governo da província, disse que o ataque suicida parecia ter como alvo os advogados que expressavam luto a Kasi. "Aparenta ser um ataque planejado."

O ministro do Interior da província, Sarfraz Bugti, denunciou a ação como "um ato terrorista".

O primeiro-ministro paquistanês, Nawaz Sharif, condenou o ataque. "Ninguém pode perturbar a paz na província, paz que foi restaurada graças a incontáveis sacrifícios das forças de segurança, polícia e o povo do Baluchistão", afirmou.

O chefe da principal associação de advogados do Paquistão, Ali Zafar, classificou o atentado como "um ataque à justiça". Ele afirmou que advogados irão respeitar um período de três dias de luto, no qual não irão comparecer aos tribunais.