Pelo menos 59 pessoas morreram e mais de 527 ficaram feridas no domingo (1º) à noite (madrugada desta segunda-feira, em Brasília), quando um homem abriu fogo contra uma multidão que assistia a um festival de música em Las Vegas, no que já é considerado o mais violento ataque a tiros da história recente dos Estados Unidos.

O autor do massacre, identificado como Stephen Paddock, de 64 anos, atirou a partir do 32º andar do hotel Mandalay Bay, que fica na avenida central Las Vegas Strip, onde ocorria a terceira e última noite do evento, com público estimado em 22 mil pessoas. As autoridades locais disseram que ao menos 527 pessoas foram atendidas nos hospitais da região.

O grupo terrorista Estado Islâmico assumiu a autoria do ataque, mas tanto a polícia de Las Vegas quanto o FBI não veem indícios de atentado e tratam, inicialmente, o episódio como um caso de “lobo solitário” (leia abaixo). As circunstâncias do ataque, que ocorreu pouco depois das 22 horas (2 horas de Brasília), ainda são incertas, e a motivação do criminoso, desconhecida.

O xerife Joseph Lombardo indicou que Paddock era um morador da cidade e estava hospedado com uma mulher no hotel. Marilou Danley, de 62 anos, foi localizada hoje, mas a polícia disse acreditar que ela não teve envolvimento no massacre.

Segundo Lombardo, foram encontrados 10 fuzis no quarto de Paddock. O xerife afirmou que ele adquiriu várias armas de fogo no passado, mas todas dentro da lei. No entanto, ao menos um dos fuzis foi alterado para funcionar como uma arma automática.

Trump

O presidente dos EUA, Donald Trump, chamou o ataque de “ato de pura maldade” e elogiou polícia de Las Vegas e os que responderam ao ataque. “A velocidade com que eles agiram é miraculosa e preveniu uma maior perda de vidas”, afirmou o presidente em pronunciamento à nação.

Antes, pouco depois de ser informado sobre a tragédia, Trump publicou uma nota de solidariedade em sua conta no Twitter. “Minhas mais calorosas condolências e solidariedade às vítimas e famílias do terrível ataque em Las Vegas. Deus os abençoe!”.

O cantor Jason Aldean, que conseguiu escapar, estava no palco quando os espectadores ouviram as primeiras rajadas de tiros. Em segundos, a música parou de tocar, segundo um vídeo divulgado nas redes sociais.

Nas imagens, uma mulher fala “abaixa, fica abaixado” pouco depois da interrupção da música, e um clima de confusão domina o local. Menos de um minuto depois é possível ouvir novos disparos.

Em maio, um atentado a bomba em um show da cantora Ariana Grande em Manchester, na Inglaterra, deixou 22 mortos e 116 feridos. O novo ataque ocorreu sete meses após ataque similar que deixou um morto e um ferido na mesma Las Vegas Strip.

A ação também recorda o ataque de junho de 2016 contra uma boate gay de Orlando, quando um homem abriu fogo e matou 49 pessoas, deixando outras 50 feridas. O site Gun Violence registra uma estatística de 272 grandes ataques com tiros ou tiroteios nos Estados Unidos no decorrer do ano, sem considerar o de domingo.

Confusão

Dentre os relatos dos sobreviventes do ataque, uma narrativa se repete - a confusão dos disparos com fogos de artifício. “Foi a coisa mais maluca que já vi em toda a minha vida”, disse Kodiak Yazzie, de 36 anos. “Você podia ouvir que o barulho estava vindo do oeste, do (hotel) Mandalay Bay”.

Monique Dumas estava a seis fileiras do palco quando ouviu o que achou ser o barulho de uma garrafa quebrando, seguido do barulho que parecia ser de foguetes. A confusão com fogos de artifício é comum entre os que relatam o que aconteceu. “Pareciam fogos. As pessoas estavam caindo no chão. Não parava mais”, disse Steve Smith, de 45 anos. Ele ressalta que os tiros se prolongaram por um longo período. “Provavelmente 100 tiros por vez. Soava como se estivesse recarregando e continuando”, relembra.

Jamey Eller, de 66 anos, estava no show e disse que ela e os amigos se deitaram no chão quando aconteceram os primeiros disparos. Na segunda rodada de tiros, começaram a se rastejar. Conforme o ataque continuava, perceberam que precisavam sair dali. “Não tínhamos ideia de onde estávamos indo, só estávamos escutando os disparos. Parecia que estava nos perseguindo.”

A multidão que ocupava o espaço aberto do evento não tinha onde se esconder ou saídas de fácil acesso. Enquanto alguns caíam no chão, outros corriam em pânico. Houve quem se escondesse atrás de barracas ou se protegesse embaixo de carros estacionados.

FBI nega vínculo de autor com EI

O FBI negou hoje que o ataque a tiros na cidade americana de Las Vegas tenha sido realizado por um americano radicalizado pelo grupo terrorista Estado Islâmico (EI). Mais cedo, em um site de propaganda do grupo, os jihadistas informaram que o autor dos disparos era um soldado do EI.

De acordo com o agente especial da polícia federal americana Aaron Rouse, responsável pelas investigações do caso, o autor do ataque, identificado como Stephen Paddock, não tinha conexões com grupos terroristas internacionais. Além de Rouse, duas autoridades do governo americano disseram de forma anônima à agência Reuters que não havia evidência de que o atirador estivesse ligado a qualquer grupo e uma outra autoridade americana disse haver motivos para acreditar que o atirador tinha um histórico de problemas psicológicos.

Nos últimos tempos, o Estado Islâmico tem assumido a autoria de ataques realizados por indivíduos inspirados em sua mensagem de terror mesmo quando não há evidências da ligação entre o autor do ataque e o grupo.