O papa Francisco aceitou hoje (21) a renúncia do monsenhor Dario Edoardo Viganò, prefeito da Secretaria para as Comunicações (SPC). A saída de Viganò está ligada à carta que o papa emérito Bento XVI enviou recentemente a Francisco. O documento foi divulgado parcialmente ao público, gerando críticas e acusações de censura.

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Foram publicadas apenas as partes em que Bento XVI elogiava a formação teológica de Francisco e denunciava um "preconceito" contra o Papa argentino por parte daqueles que o consideram um "homem prático, privado de particular formação teológica". Outros trechos da carta, porém, foram omitidos.

O Vaticano não publicou o documento na íntegra e também escondeu umas partes da carta em uma foto de divulgação, alegando que fora mostrado apenas "o que era considerado oportuno e relativo à ocasião".

Até a nomeação de uma nova pessoa para o posto, a SPC será liderada pelo secretário Lucio Adrián Ruiz, informou a Sala de Imprensa da Santa Sé. "Nestes últimos dias, fui alvo de muitas polêmicas sobre a minha atuação e minhas intenções, as quais desestabilizam o complexo e grande trabalho de reforma que o Papa me confiou em junho de 2015 e que, agora, graças à contribuição de muitas pessoas, chega à fase final", disse Viganò em sua carta de renúncia, com data de 19 de março.

"Em respeito às pessoas que trabalharam comigo estes tempos, e para evitar que minha pessoa possa, de qualquer modo, retardar, danificar ou até bloquear tudo que já foi conquistado e estabelecido com o Motu Proprio de 27 de junho de 2015, e por amor à Igreja e ao Santo Padre, peço de aceitar meu desejo [de renunciar]", afirmou Viganò, colocando-se à disposição de Francisco para "colaborar em outras modalidades".

O Papa, por sua vez, aceitou a renúncia, mas pediu que Viganò continuasse no dicastério.

Depois de todas as críticas pela ocultação de partes da carta, o Vaticano divulgou no último fim de semana o documento na íntegra. Como a imprensa local já imaginava, Bento XVI tentou desfazer, na carta, as frequentes comparações com Francisco.

"Aplaudo essa iniciativa que pretende se opor e reagir ao tolo preconceito pelo qual o papa Francisco seria apenas um homem prático, privado de particular formação teológica ou filosófica, enquanto eu teria sido unicamente um teórico que pouco entendia da vida concreta de um cristão de hoje", escreveu Bento XVI.