A aula de Ciências havia acabado e começaria a de Redação, sexta aula do dia, por volta das 11h30, quando um adolescente de 14 anos, sentado no fundo da sala do 8º ano do Colégio Goyases, na Rua Planalto, no Conjunto Riviera, enfiou a mão na mochila e disparou um tiro acidental da pistola calibre ponto 40, que pegou escondido da mãe, uma sargento da Polícia Militar. Naquele momento, o pai dele, major da corporação, buscava o filho mais novo na mesma escola. O que se passou após o primeiro disparo foram momentos de terror, dor e sofrimento para alunos, familiares, professores.

Chamado de fedorento por colegas há algum tempo, o adolescente atirou a esmo na sala de aula até que a arma descarregasse. Seriam 15 tiros disparados, dois colegas mortos e outros quatro feridos. Morreram na sala de aula João Vitor Gomes e João Pedro Calembo, ambos de 13 anos. Ficaram feridos Hyago Marques, Isadora de Morais, Marcela Rocha Macedo (todos de 13 anos), e Lara Fleury Borges (idade não informada).

O tenente-coronel Marcelo Granja, assessor de comunicação social da Polícia Militar, disse que o atirador foi contido por colegas e por uma professora ao não conseguir recarregar a arma. Outra versão deste momento foi apresentada mais tarde, em coletiva à imprensa, pelo delegado Luiz Gonzaga Júnior, titular da Delegacia de Apuração de Atos Infracionais (Depai). O adolescente teria chegado a recarregar a arma e sair da sala de aula. Ele teria disparado um tiro ainda e virado a arma para a cabeça, mas foi contido pela coordenadora do colégio.

“A coordenadora mandou ele travar a arma e ele travou, mas não a entregou para ela”, disse. Segundo o delegado, o estudante foi levado para a biblioteca e entregou a arma para um policial que chegou na escola.

Enquanto isso, alunos, funcionários e professores deixaram as salas de aula. Muitos chegaram a sair do colégio. Sete viaturas do Corpo de Bombeiros foram acionadas para socorrer as vítimas no colégio. Uma das estudantes foi socorrida pelo pai, funcionário da escola.

Isadora foi levada no helicóptero da Polícia Militar ao Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). A técnica em enfermagem Janaína Charles, de 40 anos, do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), havia chegado ao local e teve de embarcar no helicóptero da PM para acompanhar no socorro da estudante. De volta ao colégio, ela chorava dentro da ambulância. “Fui conversando com ela até lá. Ela estava tranquila e conversava comigo também. Foi impactante. Muito triste isso tudo, em todos os contextos”.

Além de Isadora, Hyago e Marcela foram levados para o Hugo. Lara foi encaminhada para o Hospital de Acidentados e não há informações sobre o estado de saúde dela.

No início da noite, o Hugo informou que Isadora está em estado grave, internada na unidade de terapia intensiva. Ela teve os dois pulmões perfurados no ataque. Marcela foi submetida a cirurgia no tórax e está internada em estado regular no Hugo. Hyago está em estado regular, consciente.

O tenente-coronel Granja confirmou que pistola calibre ponto 40 pertence à PM e seria a arma de uso profissional da mãe do adolescente. Em depoimento, o estudante disse que aprendeu a atirar sozinho.