A comercialização de gados criados em áreas embargadas do Pará está rendendo notificação de frigoríficos no Tocantins, Maranhão, Mato Grosso e em outros Estados brasileiros. A informação é do chefe substituto da Divisão Técnica do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Sandoval Santos Queiros. Ele informou que um frigorífico localizado em Paraíso do Tocantins foi notificado hoje e que mais dois, um em Palmas e outro em Gurupi, ainda serão visitados até quinta-feira desta semana.

A Operação Carne Fria acontece no Tocantins através da parceria entre o Ibama e o Ministério Público Federal do Pará (MPF-PA). É importante esclarecer que em nada se trata da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, deflagrada nacionalmente na última sexta-feira. O objetivo da Operação Carne Fria é conscientizar o mercado que ele pode ser penalizado caso compre produto proveniente de áreas embargadas.

Carne Fria

Propriedades do Pará estão sendo autuadas pelo descumprimento do embargo das terras provenientes de desmatamento irregular. Na outra ponta estão as empresas que adquirem produtos dessas áreas embargadas, nesse caso em particular o gado.

Queiros explicou que a Operação não investiga a qualidade da carne, mas a procedência dela. “O gado vem de um lugar que possui irregularidades sobre a terra”, e explica que poderia ser qualquer produto, como soja, milho ou arroz. “Essa em particular envolveu só o gado, mas pode enquadrar outras atividades”.

“As empresas do Tocantins alvos da operação enquadram no decreto 6.514, Art. 54, que trata da aquisição, intermédio, transporte e comercialização de produto ou subproduto de origem animal ou vegetal produzida em área ou objeto de embargo”, explicou Queiros.

Queiros deixou claro, ainda, que as atividades do frigorífico visitado não foram interrompidas, continuando normalmente, uma vez que não foi feita nenhuma interdição.

Equívoco

O gerente do frigorífico notificado, João Elísio Beltrão, acredita que toda a situação seja um equívoco. “A fiscalização compreende 2013 a 2016 e eu compro, todo dia, de 15 pecuaristas. São 14.800 compras que fiz durante esse período. Seis estão em suspeita de áreas embargadas, só que um pecuarista tem várias fazendas. Às vezes, pelo CPF do pecuarista tem-se uma área embargada, mas não necessariamente comprei o gado dele daquela área, comprei de outra que não está embargada”, esclareceu o gerente.

Beltrão foi enfático ao afirmar que condena qualquer prática de desmatamento e escravidão e continuou: “todo órgão fiscal tem o direito e a obrigação de vir e fiscalizar as empresas. Fomos alvo de uma fiscalização do IBAMA a respeito do meio ambiente e agora nos deu o direito de defesa”.

“A notificação nos dá 20 dias para apresentarmos a documentação e defesa para provar que isso é um equívoco. A documentação já está separada, a parte jurídica da empresa vai entrar com recurso”, finalizou o gerente.

Continuidade

A Operação Carne Fria ainda visitará frigoríficos em Palmas e Gurupi no Tocantins. Até quinta-feira, todos os dados serão compilados e apresentados à imprensa, conforme o chefe substituto Sandoval Queiros.