Com apenas dois produtores credenciados junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para realizar a rastreabilidade do rebanho bovino, o Tocantins não vai receber a visita dos representantes da União Europeia (UE) - para iniciar o processo de habilitação de frigoríficos tocantinenses para comercializar carne com países do bloco -, em outubro, como estava previsto. Segundo o superintendente Federal da Agricultura no Tocantins (SFA-TO), Mário Márcio Araújo, apenas dois produtores cadastrados não justificaria a vinda dos europeus.

De acordo com Araújo, a meta é sensibilizar os produtores para alcançar o número de propriedades necessárias para a vinda da UE. “Normalmente, se habilita o Estado primeiro para depois cadastrar as propriedades, mas dessa vez eles solicitaram que fosse feito o contrário”, afirmou ao lembrar que a rastreabilidade é uma das exigências da UE para viabilizar as exportações por parte do Tocantins.

Conforme João Eduardo Pires, técnico da Agência de Defesa Agropecuária (Adapec), a rastreabilidade permite que se saiba “como foi a vida do animal desde o nascimento até o momento do abate”. O credenciamento é feito junto ao Mapa e depende da solicitação individual do produtor.

Entre as principais causas apontadas para o baixo índice de credenciamento estão o custo da implantação do sistema e a desconfiança dos pecuaristas, já que não é possível garantir que mesmo após o cadastramento junto ao Mapa, o gado poderá ser comercializado para a Europa.

Segundo o representante da cadeia de pecuária de corte da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Tocantins (Faet), Nasser Iunes, “no passado houve mobilização para o credenciamento, mas a visita da UE não aconteceu, o que frustrou os produtores”. Ainda conforme Iunes, desta vez muitos estão receosos em fazer o investimento médio de R$ 4 mil por propriedade e de mais, em média, R$ 3,00 por animal, sem a garantia de fechar o negócio.

A previsão, de acordo com a Faet, é de que em abril de 2015, cerca de 20 fazendas já estejam cadastradas junto ao Mapa. “Além das duas já contabilizadas, temos outras cinco fazendas que deram entrada na documentação e o processo de implantação da rastreabilidade deve ser concluído em novembro desse ano”, explicou Iunes.

O representante do frigorífico Minerva, Nilson Alves, adiantou que já está marcada para a próxima semana uma reunião entre produtores, frigoríficos e empresas certificadoras para tentar encontrar um equilíbrio nas despesas e alinhar responsabilidades, aumentando, assim, o número de produtores credenciados.

Reunião

O assunto foi discutido durante reunião realizada ontem, na Secretaria de Agricultura e Pecuária (Seagro). O encontro contou com a presença de representantes de setores envolvidos na parceria com a União Europeia, e teve o objetivo de buscar soluções para motivar e facilitar o credenciamento do produtor, tornando-o apto a comercializar com os países do bloco econômico.

Durante a reunião foi sugerida uma parceria entre frigoríficos e produtores para custear as despesas das adequações exigidas pela UE. A intenção do Estado é que, pelo menos, dez propriedades sejam credenciadas, para buscar um novo agendamento da visita da comitiva europeia ao Estado.