Acontece na tarde desta quinta-feira (23), uma visita técnica encabeçada pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Blairo Maggi, em companhia de uma comitiva chinesa, a unidade da BRF em Rio Verde, no sudoeste de Goiás. De acordo com a assessoria do ministério e da empresa, o governo brasileiro quer mostrar que a fábrica goiana, que não foi interditada durante a operação 'Carne Fraca'm está habilitada para exportar com segurança para a China. 

Além do ministro e sua equipe, a comitiva é composta pelo secretario de Defesa Agropecuária, Luís Rangel, pela direção do departamento de saúde animal e pela assessoria. Também há dois representantes da Câmara de Comércio Brasil-China e repórteres de uma televisão e de um jornal chineses. O frigorífico de Rio Verde recebe aves e suínos de 500 granjas da região. 

Deflagrada pela Polícia Federal na semana passada, a Operação Carne Fraca investiga corrupção de fiscais do Ministério da Agricultura, suspeitos de receberem propina para liberar licenças de frigoríficos, e a venda de carne vencida ou estragada, no Brasil e no exterior. O resultado foi a suspensão das exportações de 21 frigoríficos e a interdição de três deles, inclusive a unidade da BRF de Mineiros, em Goiás. 

O presidente da AEB, José Augusto de Castro, lembra que os frigoríficos são avaliados pelos próprios países importadores e 80% da carne de frango comprada pela China, por exemplo, vem do Brasil. O superintendente executivo de Comércio Exterior da Secretaria de Desenvolvimento (SED), William O’Dwyer, que ontem visitou embaixadas em Brasília, acredita que, apesar do impacto negativo num primeiro momento, a tendência é que tudo seja corrigido, justamente porque o mundo precisa da carne brasileira. Ele prevê uma queda de 8% a 10% nas exportações de imediato, mas diz que os países compradores já estão percebendo as medidas que o Brasil tem tomado para uma recuperação rápida.

Em Goiás, o Ministério da Agricultura interditou a unidade da BRF em Mineiros e não há data prevista para a liberação. O frigorífico teve sua licença sanitária aprovada em fevereiro e vinha abatendo diariamente cerca de 25 mil perus, aves que são enviadas ao exterior, principalmente a países da União Europeia. 

Com o fechamento da unidade, as 219 granjas do município travaram as atividades. Nos últimos seis dias, cerca de 150 mil perus que deveriam ter deixado os criadouros para serem abatidos na unidade da BRF tiveram de continuar no campo. Esse problema se agrava diariamente, não apenas por conta do volume de aves acumuladas, mas principalmente pelo peso que os animais passam a ganhar. 

As acusações que envolvem a unidade da BRF em Mineiros são de pagamento de propina a fiscais agropecuários para evitar o fechamento da unidade e facilitar a emissão de autorizações sanitárias. Dois funcionários tiveram prisão preventiva decretada e um vice-presidente foi alvo de condução coercitiva e busca e apreensão.