O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou 2018 em 3,75%, abaixo do centro meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 4,50%, com  margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual (índice de 3,0% a 6,0%), informou nesta sexta-feira, 11, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em dezembro, o índice foi de 0,15%, o mais baixo para o mês desde o início do Plano Real.

O resultado ficou dentro do previsto pelo Projeções Broadcast - as estimativas eram de inflação de 3,54% a 3,82%. Para dezembro, as projeções eram de queda de 0,05% a alta de 0,23%. Em novembro, o IPCA ficou negativo em 0,21%.

Apesar de ter acelerado de 2,95% em 2017 para 3,75% em 2018, a inflação no País está sob controle, avaliou Fernando Gonçalves, gerente da Coordenação de Índices de Preços do IBGE. "Como está abaixo do centro da meta de 4,25% deste ano, a inflação está sob controle", justificou.

A taxa do ano passado foi mais elevada do que no ano anterior porque o IPCA não contou com as quedas nos preços dos alimentos de 2017, em consequência da safra agrícola recorde daquele ano, lembrou Gonçalves.

"E 2018 teve pressão da energia elétrica. Foram cinco meses de bandeira vermelha patamar dois", acrescentou o pesquisador, mencionando também os aumentos na gasolina. 

Para Gonçalves, o IPCA de 2018 poderia ter sido mais baixo não fosse a paralisação dos caminhoneiros, em maio. O desabastecimento impulsionou os preços dos alimentos e da gasolina, levando a inflação do mês de junho de 2018 a um pico de 1,26%, que afetou o resultado do IPCA do ano.

Quanto a 2019, o mês de janeiro deve absorver alguns tradicionais reajustes de itens monitorados, mas ainda não é possível prever o comportamento dos preços no ano, disse o pesquisador. 

Segundo ele, o IPCA deste ano pode sofrer impacto de efeitos do fenômeno climático El Niño sobre as lavouras, além de uma possível pressão de demanda, se houver aumento no consumo em decorrência da melhora esperada no mercado de trabalho.

Em 2018, Porto Alegre teve a inflação mais elevada (4,62%), enquanto Aracaju teve a mais baixa (2,64%) do País.

O impacto dos planos de saúde
Os itens que mais pesaram no IPCA de 2018 são do grupos Habitação, com alta de 4,72% e impacto de 0,74 ponto porcentual no índice; Transportes, com alta de 4,19% e impacto de 0,76 ponto porcentual; e Alimentação e Bebidas, com alta de 4,04% e impacto de 0,99 ponto porcentual. Esses três grupos foram responsáveis por 66% do IPCA do ano passado, somando 2,49 pontos porcentuais.

Mas o vilão da inflação do ano passado foram as mensalidades dos planos de saúde, que ficaram 11,17% mais caras, contribuindo com 0,44 ponto porcentual no IPCA de 2018, maior impacto individual no índice. "O plano de saúde subiu devido aos reajustes autorizados pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar)", afirmou Gonçalves.

No grupo Habitação, a principal influência foi a energia elétrica, que ficou 8,70% mais cara no acumulado de 2018, ante 10,35% do registrado em 2017, com impacto de 0,31 ponto porcentual no IPCA do ano.

Nos Transportes, os destaques de aumento de preços foram as passagens aéreas (16,92%), a gasolina (7,24%) e o ônibus urbano (6,32%).

O grupo Alimentação e bebidas, que responde por cerca de 1/4 das despesas das famílias, teve influência da paralisação dos caminhoneiros, que provocou desabastecimento e levou a uma alta de 2,03% nos dos produtos do grupo em junho, a segunda maior para o mês desde o Plano Real. Alimentos para consumo em casa subiram 4,53% e alimentação consumida fora de casa, 3,17%.

Alimentação mais cara em dezembro
Para o resultado de dezembro, o maior impacto foi do grupo de alimentos, que subiu 0,44%. O segmento de alimentos para consumo em casa exerceu a maior pressão, com alta de 0,50%, por causa de aumento de preços em itens como cebola (24,03%), batata-inglesa (20,05%), feijão-carioca (12,98%), frutas (3,11%) e carnes (2,04%).

Os maiores impactos individuais no IPCA de dezembro foram do grupo dos Transportes, que caiu 0,54%. Enquanto as passagens aéreas subiram 29,12%, com impacto de 0,12 ponto porcentual no índice mensal, os combustíveis tiveram queda, em média, de 4,25% e contribuíram com -0,25 ponto porcentual - a gasolina teve retração de 4,80%, o óleo diesel de 3,45% e o etanol, de 2,70%.

No grupo Habitação, a queda de 0,15% foi motivada pela retração no preço da energia elétrica (-1,96%), em decorrrência da mudança na bandeira tarifária, que passou de amarela, em novembro, com a cobrança adicional de R$0,01 para cada kwh consumido, para verde, em dezembro, sem cobrança.