A indústria representa quase 20% da economia tocantinense, empregando 34 mil pessoas em todo Estado e respondendo por R$ 3,5 bilhões do total do Produto Interno Bruno (PIB) do Tocantins. Os dados são da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e refletem o poder que o setor exerce na economia local. Apesar dos números relevantes, o setor ainda passa por dificuldades.

Segundo o gerente da Unidade de Defesa dos Interesses da Indústria da Federação das Indústrias do Estado do Tocantins (Fieto), José Fernandes, os desafios são muitos. Ele cita quatro principais tópicos que precisam de investimentos ou projetos específicos para contribuir com o desenvolvimento do setor: macroeconômico, custo Brasil, educação e inovação e tecnologia.

“Hoje o Estado é muito caro e não consegue fazer uma poupança econômica de investimento. O custo da máquina pública é muito alto e o governo acaba ficando sem verba para investir”, afirma. Fernandes lembra que 42% dos empregos gerados no Tocantins estão alocados na administração pública, onerando o Estado e diminuindo a capacidade de investimento.

Fernandes também cita o custo Brasil como um ponto que merece atenção. “É um conjunto de obstáculos para o desenvolvimento do País. Isso inclui a carga tributária”, diz. O gerente explica que os tributos oneram a produção, o que acaba interferindo no crescimento do empreendimento, já que “o que é pago em impostos não pode ser investido pelo empresário”.

Entre os principais problemas apontados pela Fieto está a infraestrutura de transportes que, segundo a entidade, é “ineficiente”. O representante da federação acredita que a Ferrovia Norte-Sul é apenas um eixo viário de transportes que precisa ser transformado em um eixo de desenvolvimento. “É preciso facilitar a implantação de empresas que possam utilizar esse modal para importar, exportar e promover novos negócios”, diz.

Para Fernandes, a agroindústria é o futuro do Estado. Entretanto, segundo ele, a produção é exportada “in natura”, o que gera prejuízo. “Precisamos transformar commodities em produtos com valor agregado. Hoje, exportamos não só grão, mas também emprego e divisas”. Segundo o gerente, a mão de obra acaba ficando no país que importa os produtos.

Conhecimento

No que diz respeito à educação, Fernandes é enfático. “Temos baixíssimos níveis de educação, especialmente a básica.” Ele acredita que quando a qualidade do ensino é deficitária nos primeiros anos de escola, a profissionalização acaba sendo prejudicada. “Precisamos de formação básica de qualidade, que habilite o indivíduo a concorrer no mercado de trabalho. No Brasil, apenas 13% dos egressos da universidade são engenheiros”, conclui.

Ainda que o conhecimento seja gerado nas universidades, o representante da Fieto destaca que essas inovações não são compartilhadas para servir a sociedade. “A produção da indústria precisa contar com maior tecnologia para concorrer no mercado internacional e, para isso, é preciso aproximar indústria e universidade”, afirma.

Incentivos

Com relação aos incentivos fiscais, Fernandes avalia que está na hora de medir a eficácia dos benefícios e fazer um balanço. “Existem estudiosos que colocam em cheque a eficiência dos incentivos. Muitos acreditam que é mais válido investir diretamente do que por meio de renúncia fiscal”, diz. Para ele, os incentivos são um mecanismo importante, mas questiona os investimentos. “Quando o governo renuncia a um tributo a que ele tem direito, fica sem dinheiro para investir.”