Em 5 anos de Lava Jato, a Petrobras cortou 26,4% dos funcionários. Em dezembro de 2013, último balanço antes da operação da Polícia Federal, o sistema Petrobras –que inclui todas as empresas subsidiárias e no exterior– contabilizava 86.108 funcionários. No final do ano passado, eram 63.361.

Os dados foram obtidos via Lei de Acesso à Informação.

Os cortes começaram em 2014, último ano de Graça Foster no comando da empresa. O ritmo de queda, no entanto, manteve-se nas outras gestões. O efetivo atual é menor do que há 10 anos.

As reduções se estenderam para o quadro de pessoal no exterior e nas subsidiárias da estatal.

Desde 2013, a empresa enxugou em 75,1% a quantidade de funcionários em outros países. Há 5 anos eram 7.516. Em 2018, somavam 1.870.

Nas subsidiárias, o corte foi de 12,3% em 5 anos. Em 2018, eram 13.935 funcionários; em 2013, 15.900.

Os casos de corrupções deflagrados na operação Lava Jato justificam, em grande parte, as demissões. Iniciada em março de 2014, as investigações da Polícia Federal revelaram 1 esquema de lavagem de dinheiro que envolvia empreiteiros, políticos e executivos da estatal em projetos superfaturados.

O esquema afogou a empresa em uma grave crise financeira, com perdas bilionárias, adiamentos de projetos e desistência de investidores.

DADOS SINALIZAM ‘RETOMADA DAS ATIVIDADES’
Os dados apontam que houve uma interrupção nas reduções constantes no ano passado. Em relação a 2017, houve 1 aumento tímido de 658 funcionários, considerando a holding, subsidiárias e funcionários no exterior. Foi o 1º crescimento do quadro de pessoal em 4 anos.

Para o professor de Economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) Adilson de Oliveira, especialista no setor de óleo e gás, além da operação Lava Jato, a Petrobras sentiu os efeitos do preço do barril de petróleo no mercado internacional, que sofreu uma forte queda no final de 2014.

Na avaliação do docente, superado o período de reorganização das despesas e desinvestimentos, a empresa sinaliza uma retomada as atividades e expansão na exploração de óleo e gás.

“Se desfazer de funcionários nesse mercado especializado é muito ruim, até porque o corpo técnico da Petrobras tem 1 treinamento próprio. Tudo sugere, a menos que haja uma mudança, que a produção de petróleo irá crescer e será necessário ter pessoal qualificado”, afirmou.

Para o professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) Ebape Marco Tulio Zanini, mestre em gestão de empresas, as medidas implementadas nos últimos anos para afastar os escândalos de corrupção e diminuir o endividamento da estatal ajudaram a retomar a confiança dos investidores na empresa, que reflete nos valores das ações.

“Há uma expectativa de retomada. A gestão de Pedro Parente foi muito positiva e deu sinal de recuperação dentro e fora do Brasil. A empresa resolveu dívidas, fechou acordos, o que abre espaço para pensar em uma situação melhor para o futuro”, afirmou.