“O ano de 2017 foi marcado pela expansão de nossos negócios para novas geografias e novos segmentos, com o desenvolvimento de tecnologias pioneiras. Os resultados que registramos são sólidos e nos levam a encarar o ano de 2018 com otimismo”, avaliou o presidente da EDP Brasil, Miguel Setas, durante entrevista coletiva realizada ontem, em São Paulo, para apresentar os números da empresa no ano passado.

Para este ano, a empresa portugesa que hoje opera no setor de energia em 12 estados brasileiros - entre eles o Tocantins -, prevê investimentos de R$1,4 bilhão, aumento de 27,8% em relação ao mesmo período. Do valor total, R$ 630 milhões serão investidos no segmento de distribuição do grupo. Para o Tocantins, no entanto, não há previsão de novos projetos em 2018, mas o investimento para manter o bom desempenho continuará. 

O presidente da empresa ressaltou durante a entrevista que as usinas hidrelétricas Peixe Angical e Luís Eduardo Magalhães são as melhores do País em performance, estando no topo de desempenho da lista da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). As duas representam metade da capacidade da EDP no Brasil. “O Tocantins é estratégico e fundamental. O investimento que fazemos hoje na região é para manter esse nível de desempenho”. Ele explicou que não há planos para aumentar a capacidade dessas unidades, porque com a entrada de outras novas usinas no sistema o Brasil está com sobrecapacidade, produzindo mais energia do que a demanda.

Questionado sobre o fato do Tocantins produzir energia e o consumidor final pagar um valor alto, Setas explicou o que é gerado no Estado entra na rede de distribuição e pode ir para qualquer região do País. “A energia não é necessariamente vendida à distribuidora local, que cobra o valor final levando em conta outros custos, inclusive os tributos que são muitos altos”.

No Tocantins a EDP atua com geração hídrica e é acionista da Investco e Enerpeixe, respectivamente, as empresas responsáveis pela operação e manutenção das usinas de Lajeado e Peixe Angical, ambas no Rio Tocantins.

Investco:

A Usina Hidrelétrica Luís Eduardo Magalhães, conhecida como UHE Lajeado, está localizada no município de Miracema do Tocantins e entrou em operação em 2001, com capacidade instalada de 902,5 MW.

Enerpeixe:

A UHE Peixe Angical fica no município de Peixe e entrou em operação no ano de 2006, com capacidade instalada de 498,8 MW.

Números Apresentados na Coletiva:

O lucro líquido ajustado da EDP, empresa que atua em todos os segmentos da cadeia elétrica, somou R$ 570 milhões em 2017, uma alta de 89,4% frente ao registrado em 2016. O EBITDA (lucro antes de taxas, impostos, depreciação e amortização) ajustado, por sua vez, apresentou aumento de 21,7%, alcançando R$ 2,1 bilhões.

Já no quarto trimestre, o EBITDA ajustado da companhia totalizou R$ 551,4 milhões, 37,9% a mais do que no mesmo período de 2016. O lucro líquido Ajustado chegou a R$ 188,2 milhões, 380% maior na comparação anual.

Para os resultados, contribuíram também os números recordes da comercialização. O volume de energia comercializada teve um crescimento de 37,2% em relação ao ano anterior, com uma expansão na margem bruta de R$ 141,7 milhões.

No ano passado, a EDP alcançou também importantes marcos no controle de custos e na manutenção dos gastos gerenciáveis. O balanço anual apresentou uma redução de 0,4% dos gastos com pessoal, material, provisões e outros (PMSO), abaixo da inflação.

Para este ano, a EDP prevê investimentos de R$1,4 bilhão, aumento de 27,8% em relação ao mesmo período. Do valor total, R$ 630 milhões serão investidos no segmento de distribuição do grupo.

Reforço dos investimentos em distribuição

A EDP manteve o seu compromisso com a qualidade do fornecimento de energia nas áreas de concessão, investindo cerca de R$ 570 milhões em melhorias nas redes, volume 18,3% superior ao de 2016. A maior parte dos recursos foi destinada ao plano de obras de linhas e subestações, além do programa de combate às perdas.

A Empresa investiu ainda em suas ações de recuperação de inadimplentes, apresentando uma redução de R$ 17,9 milhões em sua Provisão para Devedores Duvidosos (PDD) na comparação anual. As iniciativas de renegociação de consumidores, visando a recuperação de clientes e evitando possíveis perdas, e as iniciativas de aperfeiçoamento de cobranças foram cruciais para o resultado.

Recentemente, a EDP assinou um contrato para aquisição de participação na Celesc (Centrais Elétricas de Santa Catarina). A partir da conclusão desta transação e da Oferta Pública de Ações (OPA) Voluntária, a Companhia poderá chegar a 33,6% do capital total da distribuidora.

Novo ciclo de crescimento rentável

O ano de 2017 representou para a EDP o início de um novo ciclo de crescimento para as operações, que ampliou sua presença geográfica de nove para 12 estados brasileiros. Maior vencedor do Leilão de Transmissão organizado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) em abril, o Grupo assumiu o compromisso de investir R$ 3,1 bilhões até 2023 na construção de 1,3 mil quilômetros de linhas e quatro subestações em Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Maranhão.

No estado capixaba, o projeto está adiantado sete meses em relação ao cronograma de licenciamento. Em fevereiro de 2018, a Empresa obteve a Licença de Instalação e as obras já foram iniciadas, prevendo-se uma antecipação adicional de 10 meses no cronograma de construção, face ao prazo contratual de agosto de 2020. 

O empreendimento compreende 113 quilômetros de linha, entre Linhares e São Mateus, e uma subestação de 150 MVA em São Mateus. O investimento total estimado para a implantação dos ativos é de R$ 116 milhões, com a geração de cerca de 300 empregos diretos no período de pico.

Execução superior

Em um ano marcado por um cenário hidrológico adverso, a EDP mitigou parte dos riscos relativos à gestão energética de suas usinas hidrelétricas. Prevendo uma piora dos impactos causados pelos altos preços do Mercado Livre, a Empresa adotou uma estratégia de ampliação da sua parcela de fornecimento sem contratos fixos, liberando parte de sua energia gerada para cobrir qualquer necessidade e evitar possíveis perdas. Além disso, com os resultados da comercializadora, a Companhia conseguiu reduzir em R$ 627 milhões os efeitos do cenário hidrológico mais desafiador.

Outra conquista importante foi atingida na UTE Pecém I, que registrou melhorias operacionais e apresentou o mais alto Lucro Líquido anual de sua história, de R$ 74 milhões. A disponibilidade média da usina chegou à máxima histórica de 92% em 2017, ultrapassando a meta regulatória, de 90%.

No quarto trimestre, à semelhança do que foi alcançado nas usinas de Santo Antônio do Jari e Cachoeira Caldeirão, também ocorreu a entrada da primeira Unidade Geradora da UHE São Manoel (parceria entre EDP, Furnas e CTG Brasil), antecipada em quatro meses em relação ao contrato assinado em leilão. Em janeiro de 2018, a segunda turbina iniciou sua operação comercial. A terceira unidade já está em teste e a quarta encontra-se em fase final de montagem.

Liderança em Sustentabilidade e Inovação

A EDP foi pioneira em um de seus projetos mais inovadores no setor de Utilities no Brasil: a implementação da automação e da robotização de processos administrativos. O Grupo previa ter 40 robôs até o final de 2017, mas ultrapassou a meta e hoje conta com 46 sistemas que auxiliam as atividades internas e promovem ganhos qualitativos de eficiência. Para 2018, o objetivo é atingir mais de 100 processos robotizados.

Outro ponto de destaque é o investimento da Companhia desde 2015 no “Projeto Cultura”, o engajamento da EDP no Brasil subiu pelo terceiro ano consecutivo, para 84%, comparável com os 75% que representam a média dos melhores grupos da amostra do Estudo. Adicionalmente, foi eleita, pelo segundo ano consecutivo, como uma das 150 melhores empresas para se trabalhar da revista Você S.A.

Por outro lado, está o compromisso com a responsabilidade socioambiental que a EDP, pelo décimo segundo ano consecutivo, foi selecionada para integrar a 13ª Carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da B3, antiga BM&FBovespa, com pontuação máxima em cinco das sete dimensões consideradas pela listagem.

A Companhia continuará investindo em cultura, como já tem feito com a Recuperação do Museu da Língua Portuguesa. A Empresa ampliou seu apoio à valorização do idioma, com o patrocínio à Festa Literária Internacional de Paraty – FLIP e a exposição itinerante “A Energia da Língua Portuguesa”.