No contexto das ações tomadas para identificar e punir conteúdos que violam os padrões e normas de uso de sua plataforma, o Twitter anunciou, na noite desta segunda-feira (11), que suspendeu mais de 70 mil perfis ligados à divulgação da teoria da conspiração QAnon nos últimos três dias.

"Essas contas estavam envolvidas no compartilhamento de conteúdos perigosos relacionados ao QAnon em grande escala e eram dedicadas à propagação dessa teoria da conspiração em toda a plataforma", informou o Twitter por meio de um comunicado.

Esse movimento defende, sem base em qualquer evidência, a alegação de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está secretamente enfrentando uma seita de pedófilos adoradores de Satanás que controla o mundo.

Entre aqueles que o QAnon acusa de serem predadores sexuais infantis estão membros do Partido Democrata --a legenda do presidente eleito Joe Biden--, figuras de Hollywood e outras personalidades do que o grupo chama de "estado profundo", uma espécie de governo paralelo que regeria o mundo a partir das trevas.

Segundo o Twitter, a suspensão das dezenas de milhares de perfis fez cair drasticamente o número de seguidores de "algumas pessoas". A plataforma não especificou a quem se referia e acrescentou que algumas contas que foram mantidas mas que costumam compartilhar conteúdos contestáveis estarão sujeitas a limitação nos resultados de pesquisas e não serão recomendadas a outros usuários.

"É importante que esses tipos de contas possam ver diferentes perspectivas na conversa pública aberta que o Twitter oferece de maneira exclusiva", diz o comunicado da empresa.

Uma das cinco pessoas que morreram durante a invasão ao Capitólio na semana passara era uma fervorosa apoiadora de Trump. A veterana da Força Aérea Ashli Babbitt tinha 35 anos e, em suas redes sociais, havia publicações ligadas à teoria QAnon --no início de setembro, Babbitt postou uma foto no Twitter em que vestia uma camiseta com a frase "We are Q" (nós somos Q), em referência ao movimento.

Os atos de invasão e vandalismo, insuflados por Trump e executados por seus apoiadores, foram descritos no comunicado do Twitter como "eventos terríveis" e apresentados como uma das justificativas para as medidas que visa, segundo a empresa, proteger a plataforma "das tentativas de incitar a violência, organizar ataques e compartilhar informações deliberadamente enganosas sobre o resultado da eleição".

Entre as medidas, estão o banimento permanente do perfil de Trump, sob o argumento de que a conta oferece "risco de mais incitação à violência".

"Durante as últimas semanas, informações enganosas e falsas em torno da eleição presidencial de 2020 nos EUA foram a base para o incitamento à violência em todo o país. Tomamos medidas em relação a essas reivindicações de acordo com nossa política de integridade cívica", afirmou o Twitter nesta segunda.

De acordo com a plataforma, depois que os resultados da eleição foram oficialmente certificados pelo Congresso americano, a política da empresa passou a ser mais agressiva para fiscalizar falsas declarações sobre os contextos da vitória de Joe Biden e o monitoramento seguirá até a data da posse, em 20 de janeiro.

"Antes da inauguração, continuaremos monitorando a situação, manteremos as linhas de comunicação abertas com as autoridades policiais e manteremos o público informado sobre ações adicionais de aplicação da lei", diz o comunicado.