O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou por meio das redes sociais que deixará o hospital militar Walter Reed, onde está internado para tratar da infecção por coronavírus, nesta segunda (5).

"Estou me sentindo muito bem! Não tenha medo da Covid. Não a deixe dominar sua vida. Nós desenvolvemos, no governo Trump, ótimos remédios e conhecimento. Sinto-me melhor do que há 20 anos", escreveu o republicano, que deve deixar o centro médico às 19h30, horários de Brasília.

Contaminado pelo coronavírus e no centro de uma série de informações confusas e contraditórias sobre seu real estado de saúde, Trump, 74, tem feito o que pode para demonstrar força e vender a imagem de que seu empenho para tentar a reeleição em 3 de novembro não esmoreceu.

Nesta segunda, o republicano fez quase 20 novas publicações no Twitter, reforçando as principais bandeiras de seu projeto político e estimulando sua base a ir às urnas -o voto nos EUA não é obrigatório.

Por meio de frases curtas em letras maiúsculas, Trump falou sobre defesa da Segunda Emenda (trecho da Constituição americana que garante o acesso às armas), retorno dos soldados americanos (promessa não cumprida de sua última campanha), liberdade religiosa e Força Espacial, entre outros temas.

No domingo (4), horas depois da entrevista coletiva em que o médico da Casa Branca, Sean Conley, enfim admitiu que Trump precisou de oxigênio suplementar após receber o diagnóstico de Covid-19, o presidente saiu do hospital militar Walter Reed para fazer uma visita surpresa a seus apoiadores reunidos na região.

Entre bandeiras americanas, cartazes expressando apoio e declarações de amor ao líder republicano, o carro blindado guiado por agentes do Serviço Secreto americano circulou pelos arredores do centro médico. No banco de trás, usando uma máscara de proteção, Trump acenou aos seguidores e, mais tarde, voltou à suíte presidencial que lhe serve de leito hospitalar.

A infecção por coronavírus mergulhou a campanha republicana em incertezas, mas ainda é cedo para afirmar seu impacto nas urnas. O que se sabe sobre o tratamento de Trump indica que seu caso pode ser grave, na contramão dos boletins divulgados pela equipe médica e das declarações da Casa Branca.

No sábado (3), Mark Meadows, chefe de gabinete de Trump, contrariou os médicos e disse que o presidente estava passando por um período "muito preocupante". Depois da repercussão do caso, ele falou novamente com os jornalistas e adotou um tom mais otimista.

"Os médicos estão muito satisfeitos com os sinais vitais [de Trump]. Eu o encontrei por diversas vezes [para debater] vários assuntos", disse à agência de notícias Reuters. Mais tarde, à Fox News, o chefe de gabinete admitiu que o estado de saúde do presidente era muito pior do que o inicialmente informado por funcionários da Casa Branca, ele incluso.

De acordo com o que foi divulgado pela equipe médica, Trump está sendo submetido a três diferentes tratamentos. O primeiro utiliza o remdesivir, um antiviral criado para combater o ebola e autorizado para uso emergencial em pacientes infectados pelo coronavírus.

Os médicos também deram a Trump o coquetel conhecido como REGN-COV2, uma combinação de cópias sintéticas de anticorpos humanos. O medicamento emula a função do sistema imunológico para combater os vírus e vem sendo estudado para uso em pacientes nos estágios iniciais da Covid-19.

Mais recentemente, o líder americano também começou um tratamento com a dexametasona, esteroide recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) apenas para casos graves de Covid-19.