Folhapress
Um novo restaurante está fazendo sucesso entre os visitantes de Cartagena, popular cidade turística da Colômbia. Com o nome de Interno, fica dentro da penitenciária feminina de San Diego, a poucos quarteirões de hotéis cinco estrelas da cidade.
Desde dezembro do ano passado, as detentas, algumas delas condenadas por homicídio, servem refeições gourmet –um experimento que tem o objetivo de promover a reabilitação e enfrentar a negligência dos colombianos em relação à população carcerária.
O ceviche de robalo e o tabule feito com quinoa andina estão entre as receitas oferecidas por chefs colombianos renomados. O jantar é servido no pátio da prisão de segurança mínima, onde as detentas estavam acostumadas a comer refeições sem gosto, servidas em bandejas descartáveis. Para receber os convidados, o local foi decorado com um mural na parede e pompons rosas nas grades.
O Interno foi inspirado no restaurante InGalera, que funciona dentro de uma penitenciária em Milão, na Itália. É uma iniciativa do Teatro Interno, uma fundação colombiana liderada pela atriz de TV Johana Bahamon, que realiza oficinas de teatro em prisões de todo o país.
Em San Diego, chefs renomados, como Henry Sasson e Koldo Miranda, realizaram workshops para ensinar as 170 detentas a fazer pães e sobremesas sofisticadas. Cerca de 20 delas assistiram ao curso até o fim e, agora, recebem os visitantes com lenços coloridos na cabeça. Luz Adriana Diaz, coordenadora do restaurante, disse que a parte mais difícil foi convencer as mulheres a acreditarem em si mesmas.
"Na prisão, você às vezes fica irritada ou agressiva e se pergunta: 'será que realmente vale a pena fazer alguma coisa?'", afirmou Isabel Bolano, uma mulher de 62 anos que aguarda julgamento por supostamente pertencer a um grupo paramilitar de direita. "Todas temos corações frágeis. Qualquer coisa pode nos quebrar."
Karen Paternina, 27, acusada de extorsão, disse que espera que as novas habilidades culinárias a ajudem a abrir uma confeitaria quando sair da prisão. "Trabalhar com outras pessoas pode ser difícil porque pensamos diferente, mas também é muito legal aprender com elas", afirmou.
Na Colômbia, onde há um medo generalizado em relação à população carcerária, uma mudança de comportamento também é visível nos turistas que aparecem para jantar e, muitas vezes, aproveitam para tirar selfies com as detentas garçonetes.
"É uma experiência nova", disse Rebeca Rodriguez, que jantava no Interno pela primeira vez. "Nós que estamos do lado de fora temos que aprender a valorizar quem está aqui dentro."
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