O presidente da Indonésia, Joko Widodo, defendeu o uso da castração química como método para "varrer" do país os crimes sexuais, incluindo o abuso de menores, em entrevista divulgada nesta quarta-feira (19), pela emissora britânica "BBC".

O parlamento indonésio aprovou na semana passada uma nova legislação que endurece as penas aos acusados de violência sexual contra menores, e que também inclui desde a pena de morte até o acompanhamento eletrônico após o cumprimento da condenação.

A reforma foi aprovada apesar da rejeição da metade do Legislativo e das objeções éticas levantadas por associações de médicos. "Nossa Constituição respeita os direitos humanos mas quando se trata de crimes sexuais não pode haver concessões. Vamos ser duros e muito firmes, e daremos o máximo castigo por crimes sexuais", disse Widodo.

"Na minha opinião, a castração química, se aplicada de forma consistente, reduzirá os crimes sexuais e com o tempo isso acabará no país", completou.

O presidente indonésio advertiu que, se os médicos se negarem a fazer as castrações, a justiça poderia recorrer a médicos militares para realizá-las.

No mês de maio, Widodo propôs a mudança na lei depois que uma menina de 14 anos sofreu um estupro coletivo e posteriormente assassinada em uma escola da ilha de Sumatra, no oeste da Indonésia.

O incidente provocou manifestações de ativistas e incendiou as redes sociais com mensagens para endurecer a pena para os crimes de pedofilia.

Além disso, na entrevista o presidente se referiu à disputa territorial no mar da China Meridional, espaço marítimo reclamado quase em sua totalidade por Pequim, e onde a Indonésia reforçou a presença militar na ilha Natuna.

Widodo disse que a medida visa apenas deter a pesca ilegal nesta ilha que fronteira com a área reivindicada pela China.

O presidente mantém uma alta popularidade no país, mas sua imagem em nível internacional se deteriorou depois de ter retomado as execuções de presos condenados por narcotráfico, a maioria deles estrangeiros.