A Polícia Judiciária de Portugal disse ter impedido, nesta quinta-feira (10), um ataque terrorista à Universidade de Lisboa. De acordo com as primeiras informações, um suspeito de 18 anos foi preso portando armas brancas que seriam utilizadas no atentado.

O nome do detido não foi divulgado, mas segundo a imprensa local ele é da cidade de Fátima, a 130 quilômetros da capital portuguesa. O suspeito seria estudante de engenharia na Faculdade de Ciências da instituição e foi descrito como alguém de perfil discreto e introvertido, com o hábito de ser um consumidor maciço de informações sobre massacres em escolas.

O atentado estaria sendo planejado há meses e ocorreria nesta sexta-feira (11), segundo a PJ. A Universidade de Lisboa concentra grande número de estudantes brasileiros, nacionalidade estrangeira mais presente no ensino superior português. De acordo com dados da própria instituição, no ano letivo 2017/18, havia 1.922 alunos brasileiros no campus, em um universo de 9.000 estrangeiros e 50 mil ao todo.

A polícia não divulgou até aqui se são conhecidas possíveis motivações religiosas para o atentado. Na casa do suspeito foram apreendidos materiais inflamáveis, como gasolina, um conjunto de facas e outro de arco e flechas —mesmo tipo de arma usada em outubro do ano passado por um homem em Kongsberg, na Noruega, em um ataque que deixou cinco mortos e dois feridos.

A Polícia Judiciária informou ainda que encontrou no computador do detido um documento que detalhava o plano do estudante. Segundo o relato, a ideia era matar o maior número possível de pessoas.

"O suspeito detido em flagrante delito pela posse das referidas armas encontra-se igualmente indiciado pela prática do crime de terrorismo", informou o comunicado das autoridades. O interrogatório judicial do suspeito deve ocorrer ainda nesta sexta.

Segundo a CNN Portugal, a operação deflagrada teve ajuda do FBI, polícia federal dos EUA. As autoridades americanas teriam interceptado conversas do jovem na internet em que ele falava sobre sua intenção de cometer o atentado. A polícia portuguesa dará mais detalhes do caso em uma entrevista coletiva.

Ataques desse tipo são raros em Portugal, país considerado o quarto mais pacífico do mundo, conforme o Global Peace Index, que mede o nível de paz e a ausência de violência em 163 nações.

A frequência de ataques terroristas em instituições de ensino, porém, tem crescido em outros países. Nos EUA, por exemplo, o jornal The Washington Post fez um levantamento em junho do ano passado e contabilizou 14 tiroteios em escolas durante o horário de aula em seis meses.

Depois disso, foram destaque ataques em escolas de Dallas, no Texas, e de Detroit, em Michigan. O primeiro caso ocorreu em outubro, quando um aluno de 18 anos atirou em quatro estudantes após uma briga. No segundo, dois meses depois, um adolescente de 15 anos matou quatro pessoas –ele responderá como adulto na Justiça a acusações de terrorismo.

Na Rússia, um estudante de 18 anos armado com um fuzil abriu fogo em setembro passado contra uma universidade na cidade de Perm, matando ao menos seis pessoas e deixando 24 feridos. Na ocasião, vídeos publicados em redes sociais mostram alunos em pânico pulando das janelas do primeiro andar da instituição para tentar escapar.