Giovana Girardi, enviada especial
Agencia EstadoO tema aparece em cerca de metade dos capítulos do novo relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), divulgado neste domingo, 30, em Yokohama, no Japão. E teve destaque no capítulo regional de América Central e do Sul, onde técnicas como criação de áreas protegidas, acordos para conservação, pagamento por serviços ambientais e manejos comunitários de áreas naturais estão sendo testadas.
De acordo com o ecólogo Fabio Scarano, da Conservação Internacional, e um dos autores desse capítulo, a ideia é fortalecer serviços ecossistêmicos que são fundamentais. Um ambiente bem preservado tem a capacidade de prover um clima estável, o fornecimento de água, a presença de polinizadores. "Como se fosse uma infraestrutura da própria natureza", diz. Como premissa, está a conservação da natureza aliada ao incentivo do seu uso sustentável - a fim também de evitar a pobreza, que é um dos principais motores da vulnerabilidade de populações.
"Normalmente, quando se fala em adaptação, se pensa na construção de grandes estruturas, como um dique, por exemplo, para evitar uma inundação. O que, em geral, é muito caro, mas em uma adaptação baseada em ecossistemas, conservar a natureza e usá-la bem é uma forma de diminuir a vulnerabilidade das pessoas às mudanças climáticas", afirma.
Ele cita como exemplo uma região costeira em que o mangue tenha sido degradado. "Esse ecossistema funciona como uma barreira. Mas, sem ele, em um cenário de ressacas mais fortes, de elevação do nível do mar, a costa vai ficar mais vulnerável e será necessário construir diques. Mas, se o mangue é mantido em pé e se oferece um auxílio para que as pessoas possam ter uma economia básica desse mangue, com técnicas mais sustentáveis, e elas receberem para mantê-lo assim, vai ser mais barato do que depois ter de fazer um dique", explica.
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