A ONU estima que cerca de 200 mil pessoas que vivem nas regiões montanhosas do sudoeste do Haiti, gravemente afetada pelo furacão Matthew, ainda estão sem ajuda humanitária devido à dificuldade de acesso das equipes.

"Há aproximadamente 200 mil pessoas que temos enorme dificuldade para termos acesso", declarou o representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) no Haiti, Jean-Luc Poncelet.

Os dois departamentos do sudoeste do Haiti, Grande-Anse e Sury, foram varridos pelo poderoso furacão, que afetou 2 milhões de pessoas, das quais 1,4 milhão precisam de ajuda imediata. Além disso, mais de 800 pessoas morreram na tragédia.

Antes da passagem do furacão, os dois departamentos já tinham certas dificuldades de acesso, mas as inundações provocadas pelo Matthews tornaram até mesmo a chegada por helicóptero complicada.

As zonas mais inacessíveis ficam em pontos muito altos, enquanto o abastecimento nas áreas litorâneas afetadas pelo furacão estão sendo realizadas por via marítima.

Poncelet afirmou que, dos 102 hospitais e unidades de saúde existentes em Grande-Anse e Sur, 32 estão fora de funcionamento. Em vários casos, a ONU não sabe o estado das instalações porque ainda não conseguiu ter acesso a eles para evacuá-los.

Fora as dificuldades logísticas, as equipes também estão enfrentando problemas de segurança. Os comboios de ajuda humanitária já foram atacados e roubados por grupos de haitianos. Por isso, foi montado um esquema de proteção especial para eles.

Uma das grandes preocupações é a epidemia de cólera que tinha ressurgido antes do furacão, com mais de 28 mil casos registrados desde o início do ano. Teme-se que a incidência da doença possa aumentar por causa do pouco acesso à água potável no país e ao saneamento básico no país.

Por esse motivo, a OMS prepara o envio de 1 milhão de vacinas contra a cólera para o Haiti. O primeiro carregamento chegará dentro de três dias, informou Poncelet.