O número de mortos no terremoto de sexta-feira na Indonésia subiu, na manhã deste domingo, para 832. Segundo autoridades, a quantidade de vítimas deve continuar, à medida que equipes de resgate avançam os trabalhos de limpeza dos escombros. O tremor de magnitude 7,5 foi seguido por um tsunami, com ondas de quase três metros, que agravou a tragédia deste sábado. A maioria das vítimas são da cidade costeira de Palu, de 350 mil habitantes.

Sutopo Purwo Nugroho, porta-voz da Agência Nacional de Gestão de Desastres (BMKG, na sigla em indonésio), disse que mais de 16,7 mil pessoas estão desalojadas na cidade de Palu, capital da Província de Sulawesi. De acordo com números preliminares, 540 pessoas ficaram feridas e 29 estão desaparecidas. Corpos de algumas das vítimas foram encontrados presos sob os escombros de prédios destruídos.

“O governo local declarará o estado de emergência”, disse Nugroho. Ele frisou também que o mais urgente é restabelecer os serviços de energia elétrica e de telecomunicação na região afetada.

Milhares de casas desmoronaram, além de hospitais, hotéis e comércios. A cidade costeira de Palu foi a mais afetada, seguida de Donggala. Hoje, técnicos de telecomunicações e transporte aéreo chegaram ao aeroporto de Palu, que permanece fechado para voos comerciais. A principal estrada que dá acesso à área foi bloqueada por um deslizamento de terra.

Na internet

Nas redes sociais circulam ontem vídeos mostrando a chegada de uma onda gigante na costa de Palu, conhecida por suas praias, carregando carros e estruturas de madeira antes de atingir as paredes de um shopping e de uma mesquita.

Entre os mortos está um controlador de tráfego aéreo de 21 anos que permaneceu em seu posto no momento do terremoto para garantir que um avião de passageiros prestes a decolar seguisse viagem em segurança. 

De acordo com autoridades do setor de aviação, Anthonius Gunawan Agung saltou da torre de controle quando a estrutura começou a ruir, mas não resistiu aos ferimentos e morreu hoje.

Autoridades indonésias reconheceram que o sistema de prevenção a tsunamis falhou. Após o tremor, um alerta disparou, mas foi retirado 34 minutos depois. Em Palu, centenas de pessoas participavam de um festival na praia e foram varridas pela onda gigantesca. 

“Quando a ameaça surgiu, muitas pessoas ainda estavam fazendo suas atividades na praia e não correram imediatamente, se tornando vítimas. Muitos corpos foram encontrados na costa em razão do tsunami”, relatou Nugroho. 

A BMKG foi alvo de duras críticas nas redes sociais. Rahmat Triyono, chefe do centro de tsunamis, afirmou que a onda atingiu Palu antes que o alerta fosse suspenso.

Hoje, novas réplicas atingiram a região de Palu, uma área habitada por cerca de 2,4 milhões de pessoas. Segundo autoridades, os danos e as vítimas poderiam ser ainda maiores na costa a 300 quilômetros ao norte de Palu, uma região que está ainda mais próxima ao epicentro do terremoto.

Turismo

O desastre de sexta-feira segue uma série de terremotos e erupções vulcânicas ocorridas nos últimos meses, que tem atraído a atenção da mídia para as dificuldades do governo em atrair mais turistas para o país. O presidente Joko Widodo quer elevar o número de visitantes estrangeiros no país em 47% no próximo ano, para alcançar 20 milhões.

A intenção é se aproximar de países vizinhos como Tailândia, Cingapura e Malásia, que são mais frequentados pelos viajantes. Essa indústria, que movimenta US$ 20 bilhões por ano, já é a maior fonte de entrada de recursos estrangeiros da ilha e uma fonte significativa de emprego para o país de 250 milhões de pessoas. / AFP, AP, NYT e REUTERS

PARA LEMBRAR 

No dia 26 de dezembro de 2004, um terremoto de magnitude entre 9,1 e 9,3 atingiu a Indonésia – foi o terceiro maior terremoto já registrado por um sismógrafo. O abalo causou uma série de tsunamis devastadores ao longo do Oceano Índico, com ondas de até 30 metros em regiões próximas ao epicentro. Até hoje não se sabe o número exato de vítimas, mas estima-se que pelo menos 230 mil pessoas morreram em 14 países, entre eles Indonésia, Sri Lanka, Índia, Mianmar, Somália e Malásia. O prejuízo total foi calculado em US$ 20 bilhões. O terremoto, conhecido como “Sumatra–Andaman”, provocou uma reação imediata da comunidade internacional, que se mobilizou rapidamente para ajudar as vítimas.