A mãe do estudante de Políticas Públicas da Universidade Federal de Goiás (UFG), Mateus Ferreira da Silva, de 33 anos, ferido com um golpe de cassetete na testa por um capitão da Polícia Militar de Goiás (PMGO) no final da manhã dessa sexta-feira (29), na Avenida Goiás, Centro, ao final da manifestação dos trabalhadores contra as reformas da Previdência Social e trabalhista está vindo de ônibus da cidade de Osasco, no interior de São Paulo, para Goiânia.

O jovem segue acompanhado no hospital por amigos e colegas de faculdade. A família chegou a procurar passagens de avião para vir para a capital goiana, mas devido ao feriado prolongado não foram encontradas passagens. Segundo uma amiga de Mateus, a única certeza é que a mãe dele está vindo. Foi ventilada a possibilidade de remoção dele para São Paulo, o que não foi recomendado pelos médicos do Hugo. 

Uma gravação divulgada nas redes sociais registrou o momento em quem o estudante foi agredido durante as manifestações. Pelo vídeo é possível ver que há uma confusão no local e a ação da polícia contra os grupos. Mateus estava correndo sozinho quando foi acertado na cabeça por um policial usando um cassetete. Ele veio ao chão na hora.

Assista ao vídeo:

Pelas redes sociais participantes dos protestos relatam abuso de força por parte dos policiais militares (PMs) acionados para acompanhar a manifestação. O confronto, transmitido ao vivo durante o Jornal Anhanguera 1ª Edição, mostra a ação dos PMs contra manifestantes encapuzados que quebraram os vidros de agências bancárias e comércios no Centro da capital, e que tentavam colocar fogo em cartazes e faixas utilizadas no protesto. O que não era o caso do estudante, que não escondia o rosto.

Os policiais militares apagaram o princípio de incêndio e, em seguida, foram alvejados por pedras e pedaços de madeira. Os PMs reagiram acertando pessoas aleatoriamente com o cassetete e spray de pimenta. Nesse momento que Mateus teria sido agredido.

Nas imagens da TV Anhanguera também é possível observar uma mulher sendo atingida por golpes de, pelo menos, quatro policiais.

Boletim médico

Ainda é grave o estado de saúde de Mateus Ferreira da Silva, 33 anos, ferido por um capitão da Polícia Militar na manhã desta sexta-feira (28), durante manifestação contra as reformas da Previdência e trabalhista. O estudante de Políticas Públicas da Universidade Federal de Goiás (UFG) foi acertado por um cassetete na testa, o que lhe causou fraturas no rosto e traumatismo cranioencefálico.

Segundo boletim do Hospital de Urgências de Goiânia (HUGO) divulgado na manhã deste sábado (29), Mateus permanece internado na Unidade de Terapia Intensiva, sedado e intubado. Ele já passou, desde a internação, por um procedimento de reconstrução facial, mas não há previsão, ainda segundo o boletim, de novas cirurgias.

Nota de repúdio

A UFG também divulgou, na manhã deste sábado (29), uma nota de repúdio à agressão sofrida pelo estudante. A Universidade expressou que acompanhará o atendimento ao estudante no HUGO e que o reitor Orlando Amaral cobrará da Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária (SSPAP) "a adequada apuração dos fatos e a punição dos responsáveis". Ainda de acordo com a nota, a UFG se coloca como "histórica defensora do direito à livre manifestação e condena com veemência atos de repressão que venham a cercear esse princípio democrático."

Agressão

Em nota enviada para a imprensa na noite de ontem, a Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária (SSPAP) classificou a conduta do capitão da PM, cujo nome não foi divulgado pela corporação nem pela secretaria, como “atos que ferem a ética da corporação e das demais forças que compõem a Segurança Pública, cuja missão é proteger vidas e jamais atentar contra qualquer cidadão”.

Segundo a nota, “livres manifestações, desde que pacíficas e ordeiras, são um direito constitucional e legítimo de todos os brasileiros e devem ser respeitadas e preservadas por todos”. Em casos de condutas delituosas, “essas devem ser reprimidas com rigor e cuidado técnico pela polícia, até em defesa do conjunto de manifestantes, mas sem jamais utilizar-se de recursos antiéticos e perversos e causadores de graves de desnecessárias lesões”.

A nota foi a terceira emitida no dia por autoridades da Segurança Pública goiana. No início da tarde, ao ser questionada sobre agressões a dois estudantes, no mínimo, durante a manifestação, o assessor de comunicação social da Polícia Militar, tenente-coronel Ricardo Mendes afirmou ao POPULAR que “não houve confronto entre manifestantes e a PM. A confusão aconteceu entre os próprios manifestantes”.

A versão da PM mudou mais tarde, quando fotografias e filmagens das agressões se tornaram públicas na imprensa e nas redes sociais.

Em uma segunda nota à imprensa, o comando da PM informava que “condena veementemente todo e qualquer tipo de agressão, praticada por policiais militares no exercício da sua função”. O coronel Divino Alves, comandante-geral da PM, determinou investigação sobre a conduta do militar.

A sequência de fotos abaixo mostra que a vítima corria na Avenida Goiás, quando foi atingida brutalmente pelo capitão da Polícia Militar. O cassetete se partiu com a violência do golpe. Veja: