Presidentes, primeiros-ministros e secretários de todo mundo estão reunidos em Gasglow, na Escócia, para a COP26 (sigla). O objetivo da reunião é engajar as lideranças mundiais para reduzir a emissão de gás carbônico e conter o aumento da temperatura da terra, mantendo-a abaixo de 1,5 ºC em relação aos níveis pré-industriais.

O evento começou neste domingo (31.out.2021) e se estenderá até 12 de novembro. Mais de 100 discursos estão previstos. O presidente Jair Bolsonaro, apesar de convidado, não comparecerá. Mas gravou um pronunciamento em vídeo, que foi exibido em um dos painéis da conferência.

O Poder360 resume o que os principais líderes já falaram até o início da tarde desta 2ª feira (1º.nov).

 

PRIMEIRO-MINISTRO DO REINO UNIDO, BORIS JOHNSON

O premiê-britânico comparou a crise climática a um filme do espião James Bond, em que a humanidade precisa desativar “o dispositivo do Juízo Final”. “Falta 1 minuto para a meia-noite nesse relógio e precisamos agir agora”, afirmou Johnson.

Ele criticou a demora dos líderes mundiais em adotar medidas práticas para remediar a questão climática, citando o Acordo de Paris (há 6 anos) e o Acordo de Copenhague, há 11 anos. “Todas essas promessas nada mais serão do que blá, blá, blá, e a raiva e impaciência do mundo serão incontidas, a menos que façamos desta COP26 o momento de levar os problemas climáticos à sério”, alertou o premiê.

Johnson sugeriu a descontinuação de carros de combustão interna e de usinas termelétricas a carvão, o que de acordo com ele, poderia ser feito até 2040. Também disse ser possível reverter o desmatamento até 2030.

O primeiro-ministro afirmou ainda que as nações desenvolvidas tem um compromisso maior em financiar soluções para o problema ambiental, até para facilitar o ingresso da iniciativa privada em iniciativas mais sustentáveis: “Nós nesta sala poderíamos implantar centenas de bilhões [de dólares], sem dúvida, mas o mercado tem centenas de trilhões e a tarefa agora é trabalharmos juntos para ajudar nossos amigos a descarbonizar”.

Johnson finalizou sua fala afirmando que o planeta dispõe a tecnologia, os meios e a oportunidade necessários para resolver a questão climática, além do dever de fazê-lo.

 

JOE BIDEN, PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS

O presidente norte-americano foi um dos primeiros líderes a discursar depois de um recesso no plenário. Falou para um auditório quase vazio por cerca de 10 minutos.

Em seu discurso, Biden disse que a COP26 precisa ser “o início de uma década de ambições e inovações para preservar nosso futuro conjunto”. Ele também afirmou que investir na sustentabilidade é “um imperativo moral, mas também um imperativo econômico”, ressaltando a necessidade de diversificar fontes de energias renováveis.

Ele reforçou o compromisso da sua gestão com a agenda ambiental e afirmou que os EUA atingirão a meta de “reduzir as emissões em 50% a 52% abaixo dos níveis de 2005 até 2030”. Biden disse ainda que seu governo irá ajudar a acelerar países em desenvolvimento a fazer a transição para fontes mais limpas de energia. “Minha gestão trabalha com o Congresso para quadruplicar nosso suporte financeiro para questões climáticas a países em desenvolvimento até 2024”, disse o democrata.

Ele incentivou aos demais líderes a facilitar a participação de países menos desenvolvidos em iniciativas sustentáveis. “A cada dia que nos atrasamos, o custo de ação aumenta”, acrescentou o presidente.

 

JAIR BOLSONARO, PRESIDENTE DO BRASIL

O presidente brasileiro não foi à COP26, mas enviou um pronunciamento em vídeo. Na gravação, o chefe do Executivo afirma que o Brasil é uma “potência verde” e que autorizou Leite a apresentar durante a COP novas metas climáticas.

“O Brasil é parte da solução para superar esse desafio global. Os resultados alcançados por nosso país até 2020 demonstram quem podemos ser ainda mais ambiciosos”, disse Bolsonaro.
 

SECRETÁRIO-GERAL DA ONU, ANTÓNIO GUTERRES

Guterres afirmou que “estamos cavando nossas próprias covas” com o “vício em combustíveis fósseis”. “Os oceanos estão mais quentes do que nunca e esquentando ainda mais rápido. Partes da floresta Amazônica hoje emite mais carbono do que absorve”, alertou o secretário-geral.

Ele disse que as perspectivas não são boas: “Mesmo nos melhores cenários, as temperaturas irão subir bem além dos 2 °C”. Guterres enfatizou a importância de manter a meta de redução da temperatura em 1,5 °C, o que exige “uma grande ambição de mitigação e ações concretas e imediatas para reduzir o aquecimento global”.


OUTROS LÍDERES

Até a publicação desta reportagem, também discursaram na COP26:

Secretário-geral da ONU, António Guterres;
Charles, príncipe de Gales e herdeiro do trono britânico;
Primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley;
Primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi;
Chanceler da Alemanha, Angela Merkel;
Presidente do Governo da Espanha, Pedro Sánchez;
Presidente da Indonésia, Joko Widodo;
Presidente de Seicheles, Wavel Ramkalawan;
Presidente da França, Emmanuel Macron;
Presidente do Gabão, Ali Bongo;
Presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández;
Presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta;
Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky;
Presidente do Egito, Abdul Fatah Khalil Al-Sisi;
Presidente da Macedônia do Norte, Stevo Pendarovski;
Presidente da Bolívia, Luis Arce;
Presidente do Sri Lanka, Gotabaya Rajapaksa;
Presidente de Montenegro, Milo Đukanović;
Presidente da Coreia do Sul Moon Jae-in;
Presidente da República Central da África, Faustin-Archange Touadéra;
Presidente do Congo, Denis Sassou Nguesso;
Presidente do Conselho Europeu, Charles Michel;
Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen;
Presidente da Suíça, Guy Parmelin;
Presidente do Maláui, Lazarus Chakwera;
Presidente da Mongólia, Ukhnaagiin Khürelsükh;
Presidente do Panamá, Laurentino Cortizo.

A exemplo de Biden, Macron e Merkel também discursaram para um auditório esvaziado. Os pronunciamentos dos líderes acontecem simultaneamente, em mais de um plenário, bem como um evento com representantes de diversos países.