Atualizada às 13h21.

A força-tarefa da Polícia Civil de Goiás que investiga o médium João Teixeira de Farias, de 77 anos, o João de Deus, concluiu mais três inquéritos nesta quinta-feira (10). O líder espiritual teve um novo indiciamento por posse sexual mediante fraude e dois por posse ilegal de armas. A mulher dele, Ana Keyla Teixeira Lourenço, de 40, também foi indiciada por posse do armamento. João de Deus segue preso desde o dia 16 de dezembro no Núcleo de Custódia, em Aparecida de Goiânia.

As armas foram encontradas nas residências de João de Deus nas cidades de Abadiânia e Anápolis. "Ela foi indiciada nos dois inquéritos uma vez que essas armas estavam na casa do casal. Em Abadiânia, cinco armas estavam dentro do quarto, inclusive uma delas dentro da gaveta de peças íntimas dela", afirmou a delega Karla Fernandes, coordenadora da força-tarefa.

A investigadora explicou que em depoimento Ana Keyla afirmou que não tinha conhecimento dessas armas e que nunca as tinha visto, fato que levou ao seu indiciamento. “Se ela afirmasse que sabia, mas que as armas eram dele, que tinha ganhando em outra situação ela não tinha a responsabilidade sobre elas”, pontou Karla.

A delegada foi enfática ao dizer que a polícia está trabalhando com um fato concreto e caso as armas estivessem totalmente escondidas Ana Keyla não teria responsabilidade, mas elas estavam dentro de cômoda e de um guarda-roupa dentro do quarto que o casal dorme. “Agora ela vai ter que provar em juízo que não tinha conhecimento das armas”, finalizou.

No caso de violação sexual mediante fraude, segundo a delegada, o fato aconteceu no dia 3 de março de 2016, dentro da Casa Dom Inácio de Loyola, onde o médium faz os atendimentos, na cidade de Abadiânia, a cerca de 90 km de capital.

Karla explicou que no dia seguinte ao ato, a vítima registrou uma queixa em Abadiânia. No entanto, como ela mora em São Paulo, a mesma procurou o Ministério Público paulista e representou contra João de Deus. “O inquérito chegou em agosto de 2018 na Deic e desde então estamos investigando”, afirmou a investigadora.

João de Deus já havia sido indiciado pelo mesmo crime, supostamente cometido contra uma mulher em 2018. Com isso, o médium totaliza quatro indiciamentos nos inquéritos apurados pela Polícia Civil.

Outros três inquéritos também foram concluídos e encaminhados para o Poder Judiciários. No entanto, eles seguem com a recomendação de arquivamento em razão da extinção da punibilidade dos fatos praticados contra as possíveis vítimas. “Os inquéritos contêm fatos graves de estupro de menores de 13 anos ocorridos antes de 2009. Utilizados para dar base na conduta praticada por João de Deus”, explicou Karla.

Nova prisão

A Polícia Civil cumpriu na última terça-feira (8) um mandado de prisão preventiva por posse ilegal de arma de fogo. Karla contou que a prisão foi requerida em dezembro. Em seguida, os advogados representaram pedindo a revogação. Na época, o juiz substituto Wilson Safatle Faiad concedeu liminar e fixou fiança no valor de R$ 1 milhão. “Ele não recorreu e com isso a juíza entendeu que a prisão estava valendo e solicitou o inquérito. A PC cumpriu e ele será enviado para Poder Judiciário de Abadiânia”, finalizou.

Pedras preciosas e lavagem de dinheiro

Em relação as pedras preciosas, Karla contou que a Polícia Técnico-Cientifica de Goiás não possui um equipamento necessário para fazer a verificação das pedras. A força-tarefa então buscou uma parceria com a Polícia Federal e agora aguardam os laudos. “Os inquéritos estão juntos e dependem das perícias para dar prosseguimento”.

Com o término dos trabalhos da força-tarefa, a continuidade das investigações ficará a cargo dos delegados da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic). No entanto, Karla explicou que caso surjam novas denúncias e a polícia entenda a necessidade outra força-tarefa pode ser estruturada.