O estudante de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (UFG), Mateus Ferreira da Silva, de 33 anos, atingido por um cassetete pelo capitão da Polícia Militar Augusto Sampaio, durante manifestação contra as reformas previdenciárias e trabalhistas, no dia 28 de abril, em Goiânia, conversou com o jornalista Fábio Castro, com exclusividade, para o programa 'Fantástico', deste domingo (28).

A pancada na cabeça foi tão forte que o cassetete do PM quebrou. "Eu até achei que fosse um tiro, não sabia o que era" e continuou "muitos achavam que eu não ia sobreviver", diz o rapaz que levou mais de 30 pontos no rosto.

Mateus ficou 18 dias internado no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), sendo que 11 dias foram na UTI da unidade de saúde, onde passou por duas cirurgias para reconstruir os ossos da face. O Hugo informou que não foi diagnosticada nenhuma lesão no cérebro. "Meu rim parou. Aí as pessoas falaram 'já era'", falou o estudante.

O manifestante revelou que participa de grandes protestos desde 2013, mas que nunca se envolveu em atos de vandalismo. "Eu sempre mantenho uma postura pacífica, uma postura não violenta".

Mateus explicou que estava usando um pano no rosto para se proteger. "É comum a polícia agir com spray de pimenta. Me protegi com o pano. Não faço parte de nenhum grupo".

Perguntado sobre o policial que o agrediu, ele diz: "não sinto nada. Foi uma violência fora do comum", finalizou.

Outro lado
Na manhã de hoje, a Associação dos Oficiais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás (Assof-GO) emitiu nota com a posição da entidade em sua página nas redes sociais em relação ao ocorrido e a investigação sobre a conduta do capitão Sampaio durante o procedimento. O profissional foi afastado das ruas e tem realizado trabalho administrativo nesse período.

Na nota assinada pelo presidente, o tenente-coronel Alessandri da Rocha Almeida, a Assof ressalta que “infelizmente no Brasil os policiais têm sido perseguidos e tratados como bandidos, e os criminosos sendo tratados como heróis. Os policiais atendem milhões de ocorrências todos os anos na prestação de serviços para a população, mas infelizmente, muitas vezes, são ressaltadas ações pontuais e projetadas fora do contexto”.

Destaca também a ação do capitão Sampaio na ocorrência. Para a entidade, “desde o início da manifestação, ele atuou para conter os ânimos de todas as partes envolvidas, e a manifestação ocorria de forma pacífica até o momento em que um grupo de criminosos deflagrou rojões contra os policiais, fato que demandou atuação da força policial para restabelecer a ordem pública. Recordemos que no ano de 2014 um profissional da imprensa morreu em razão de um rojão deflagrado em situação semelhante”, diz.

Ainda no documento a Assof cita as imagens gravadas pela PM, no qual, segundo a entidade, “mostram Matheus chamando seus comparsas para depredar o patrimônio público e promover arruaças, inclusive escondendo seus rostos para não serem identificados”.

A Assof termina a nota defendendo apurações isentas e com justiça, “bem como não corrobora com a presunção de culpa contra os militares, e seguirá na defesa dos policiais e bombeiros militares de Goiás”.

Confira na íntegra a nota assinada pelo presidente da Assof, tenente-coronel Alessandri da Rocha Almeida:
Neste domingo o programa *FANTÁSTICO*, da Rede Globo de Televisão, transmitirá entrevista com o Matheus, o suposto estudante que foi internado após participar de arruaças e ataques às forças policiais em recente manifestação na Capital Goiana.
*RESPOSTA DA ASSOF-GO AO FANTÁSTICO*
A Associação dos Oficiais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás agradece este espaço democrático para colocar a sua posição, entendendo que a imprensa livre, isenta de ideologia e de partidarismo é a garantia do Estado democrático de direito, mas ressalva que infelizmente no Brasil os policiais têm sido perseguidos e tratados como bandidos, e os criminosos sendo tratados como heróis.
Neste momento, temos uma Delegação de Deputados Federais em viagem de estudo nos EUA, e estes atestaram a valorização dos policiais por parte da imprensa e da sociedade local.
No Brasil, os policiais atendem milhões de ocorrências todos os anos na prestação de serviços para a população, mas infelizmente, muitas vezes, são ressaltadas ações pontuais e projetadas fora do contexto.
O Capitão Sampaio, desde o início da manifestação, atuou para conter os ânimos de todas as partes envolvidas, e a manifestação ocorria de forma pacífica até o momento em que um grupo de criminosos deflagrou rojões contra os policiais, fato que demandou atuação da força policial para reestabelecer a ordem pública. Recordemos que no ano de 2014 um profissional da imprensa morreu em razão de um rojão deflagrado em situação semelhante.
Filmagens feitas pela Polícia Militar mostram Matheus chamando seus comparsas para depredar o patrimônio público e promover arruaças, inclusive escondendo seus rostos para não serem identificados.
O Brasil é o País com maior número de assassinatos de policiais no mundo, mas infelizmente não recordamos de entrevistas ou matérias com as famílias de nenhum desses bravos policiais que morreram em defesa da sociedade, mas sim uma atuação ideológica, de parte da imprensa, que prefere exaltar exceções ao invés de reconhecer a regra. É lamentável a inversão de valores e a exaltação do infrator.
Mais recentemente, em manifestação na Capital Federal, grupos de homens iguais ao Matheus promoveram o terror, atentando contra o patrimônio e a vida de todos, geraram prejuízos superiores a um milhão de reais (como ressaltou o Ministro Blairo Maggi em suas redes sociais). Em Brasília diversos policiais foram levados aos hospitais em razão das agressões sofridas, mas novamente não vemos esses fatos serem divulgados em determinados canais da imprensa.
É necessário superar as correntes ideológicas advindas de momentos políticos pretéritos e olharmos para a realidade, principalmente na busca de valorização dos profissionais que mais doam suas vidas pelos cidadãos brasileiros.
A Associação dos Oficiais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás defende apurações isentas e com justiça, bem como não corrobora com a presunção de culpa contra os militares, e seguirá na defesa dos policiais e bombeiros militares de Goiás.
*Ten Cel Alessandri da Rocha Almeida*
Presidente da Associação dos Oficiais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás.