Durante uma ceia de natal organizada nesta quinta-feira (15) pela Associação de Exportadores de Manufaturas e Serviços (Asexma), em Santiago, no Chile, um grupo de exportadores deu ao ministro da Economia do país, Luis Felipe Céspedes, um presente um tanto quanto polêmico para a ocasião: uma boneca inflável. Anualmente, empresários costumam dar presentes controversos a ministros do país durante o evento.

O brinquedo sexual veio com uma mensagem em um cartão colado na região da boca com a mensagem: "Para estimular a economia". O Chile vem enfrentando uma fase de desaceleração econômica, com baixos níveis de confiança e, de acordo com Marianna Waltz, diretora de finanças da agência Moody's, deverá sofrer por mais tempo com os efeitos da crise.

A atitude gerou críticas sobre a desvalorização da mulher. Presidente do Chile, Michelle Bachelet escreveu em seu perfil no Twitter que o ocorrido "não pode ser tolerado". A ministra da Mulher e da Igualdade de Gênero, Claudia Pascoal, afirmou que o governo rejeita e condena toda situação em que a mulher seja explorada como objeto sexual. O Movimento pelos Direitos Sexuais e Reprodutivos (Miles) chamou a ato de "sexista e misógino".

O presidente da Asexma, Roberto Fantuzzi, respondeu às críticas com um pedido de desculpas. "Tenho esposa, filhas e neta, jamais teria intenção de provocar violência contra a mulher", disse. "Se ofendi alguém, quero pedir desculpas. Isto se faz em um comitê, não são apenas minhas ideias, também há mulheres participando. E se eu realmente cometi um erro, tudo que posso fazer é pedir perdão, perdão, perdão". O ministro Céspedes também se desculpou pelo ocorrido e afirmou ter sido pego de surpresa. "Minha reação não foi adequada", lamentou.

Nas redes sociais, os chilenos consideraram como machista a atitude durante o evento. Em 2016, apesar de várias manifestações contra a misóginia, o Chile enfrenta um alto índice de assassinatos (cerca de 50) e ataques graves (mais de 100) contra as mulheres.