Atualizada às 19h02 de 01/01/2018

Os detentos da Colônia Agroindustrial do Regime Semiaberto, no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, fizeram uma rebelião na tarde desta segunda-feira (1º). O Corpo de Bombeiros relata que os detentos atearam fogo em colchões e são pelo menos dez pessoas feridas, encaminhadas para o Hospital de Urgência de Aparecida de Goiânia (Huapa). 

De acordo com a nota oficial da Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária (SSPAP), foram contabilizados nove mortos, 14 feridos e 34 foragidos da unidade. O conflito foi contido por volta das 16h pelo Grupo de Operações Penitenciárias Especiais (Gope) e pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar.

Barulhos que se assemelharam a disparos assustaram os populares que aguardam informações, provocando gritos e correria. Em declaração oficial, policias do Choque desmentiram os boatos, dizendo ter tratado-se de vidos quebrados.

As informações preliminares da SSPAP são de que os presos da ala C invadiram a ala B por conta de uma rixa antiga. A Cavalaria e o Grupo de Radiopatrulha Aérea (Graer) da corporação estão nas proximidades do presídio para dar apoio aos agentes penitenciários caso haja alguma fuga.

Existem relatos de disparos efetuados de dentro de um helicóptero do Graer em direção às proximidades do presídio, mas ainda sem confirmação da Superintendência Executiva de Administração Penitenciária (Seap).

O Corpo de Bombeiros enviou cinco unidades para combater o incêndio e também para socorrer os feridos. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) encaminhou três ambulâncias e duas motos ao local. Duas viaturas retornaram ao complexo com detentos recapturados, que haviam fugido durante a rebelião, mas o número de pessoas levadas ainda é incerto.

De acordo com informações preliminares, alguns fugitivos foram encontrados na Avenida Perimetral, Residencial Village Garavelo 1, em Aparecida de Goiânia. Os moradores das imediações foram orientados a ficar dentro de casa, para evitar riscos.  

"Guerra"

O Popular teve acesso a um áudio enviado por um dos detentos a sua esposa no momento de maior confusão. A mensagem diz: "O povo tá invadindo aqui, nós 'tá' em guerra aqui, nós 'tá' em guerra. O bagulho tá é doido. A polícia tá invadindo. Os cara 'tá' invadindo. Sobe aí e quebra aí! Eles 'tá' invadindo. Quebra o cadeado!", e em seguida são ouvidos diversos ruídos e gritarias.

A mulher está preocupada com a situação do marido, e o clima é de tensão em frente ao presídio. Um agente pediu às famílias que formassem uma comissão com cinco pessoas para adentrar o local com a diretora e obter mais informações, e aguardam ser chamados. 

Famílias

Familiares de presos foram até a prisão para buscar informações. Uma mulher que não quis se identificar contou que disparos foram ouvidos ainda na tarde de ontem (31), no horário de saída da visita, quando um homem fugiu. "Os agentes começaram a atirar, e eles sabem que não pode atirar durante a visita, porque estamos com criança, tem mulher grávida que passa mal durante a visita", contou. "Quando tem rebelião é assim: o Gope entra, deixa sem lanche, arrebenta os presos. Por causa de um, todos os outros pagam, porque muitos lá não são a favor".

Vera Lúcia de Oliveira, de 58 anos, está mais calma: "Eu já vi meu filho, dei tchau, estou tranquila. Mas os demais aqui não sabem, porque tem gente queimada, tem gente decapitada". 

"Estão nos tratando igual bicho. Gente desarmada, morrendo no meio do mato, é covardia", gritou uma mulher para os agentes. 

Veja os vídeos abaixo:

Mais informações em instantes.